segunda-feira, 21 de julho de 2008

Meninos ricos não choram


O pescoço continua travado depois de uma malhação obsessiva no sábado passado, mas o nível de Ocitocina tá gritando, porque EU MEREÇO! Então Cirque du Soleil, quando irão me contratar?

Ok, intimidades a parte, hoje eu queria falar sobre um assunto que detesto, mas é recorrente na vida de todos nós, o maldito do dinheiro! Não sou louco e jamais moraria numa Choupana no campo com meu grande amor, adoro conforto, coisas boas, viagens... Mas sempre tiver pavor de gente que senta em mesa de bar com um grupo, se diverte horrores, e na hora de pagar a conta saca uma calculadora e consegue um malabarismo (que eu até hoje não entendo) de dividir 7 centavos por 3 pessoas! Sim, conheço gente assim.

Vamos rebobinar a fita (porque isso é retrô) e lembrar do pequeno Max. Eu nasci em berço de ouro, na fase em que meu pai tinha mais grana, morava numa casa com piscina num condominio elegante de Laranjeiras, tinha vários empregados, babás, chofers e 3, 4 carros na garagem. Com 12 anos já recebia minha mesada numa conta bancária destinada a adolescentes, algo como first conta, não me lembro.

Meus fins de semana eram na Região dos Lagos, ou no sitio de Teresópolis, ou então torrando dinheiro no Barra Shopping, era cinema, patinação no gelo, fliperama, kart, uma farra!

Eu não tinha muitos amigos na minha escola de riquinhos, mas minhas festas eram as mais comentadas, e sempre lotadas. Tem 2 momentos que me lembro, e que me envergonham muito, um deles quando fiz meu pai demitir um chofer porque ele não quis abrir a porta pra mim, outra quando entrei numa loja de sapatos e escolhi uns 10 pares de tênis, sem nem olhar o preço. Eu lembro bem que não gostei de nada, mas eu sabia que podia, e fiz meu pai comprar todos.

É estranho, mas eu conheço essa sensação que esses meninos ricos tem de total segurança. Eu não me preocupava, tinha certeza de que era tudo uma questão de apontar e ter, eu estava certo de que nunca passaria dificuldades na vida.

Um belo e inesquecível dia, isso um tempo depois da separação com minha mãe, meu pai fez a lindíssima proposta, ou ficam com a mamãe, ou ficam com o papai... Incluindo o dinheiro, claro.

O mais engraçado é que eu, e os outros irmãos, escolhemos mamãe, apesar de tudo acho que tinhamos um certo feeling de que se a deixassemos sozinha as coisas poderiam ficar muito feias... Hoje temos certeza disso.

Depois disso a torneira aos poucos foi fechando... No começo eram pequenas chantagens, sempre com um discurso do excelente advogado que ele sempre foi, como naquele filme do Al Pacino... Depois simplesmente fomos nos deparando com a realidade, tudo havia mudado. Vimos a bela casa se deteriorar, contas não podiam ser pagas, telefone cortado, chegamos a ter a luz cortada também! Tivemos que sair das escolas caras, do clube, as festas de aniversário passaram a ser mais simples, bem mais simples.

Eu me lembro de não me adaptar facilmente, de dizer coisas pesadas pra minha mãe, de odiar ter que comprar o tênis sem marca.

Com o tempo as coisas foram se ajeitando, hoje em dia conquistei muita coisa com meu próprio esforço, pago meus estudos, aprendi 2 idiomas por minha conta, compro até minhas próprias cuecas, e às vezes me permito me presentear com algo mais cara, mesmo que parcelado.

Não me vejo obcecado por dinheiro, e olha que já tive oportunidades, já houve quem pedisse permissão a minha mãe pra me levar pra estudar na Europa, já tive a chave de carros na minha mão, já frequentei mansões com elevadores no Leblon e coberturas de Ipanema... Mas sempre tive resistência a isso, mesmo quando gostava da pessoa.

Acredito que eu seja um pouco traumatizado, pé atrás. Sei que os olhos brilham quando alguém te oferece algo assim, você se sente especial, amado. Mas muitas vezes, já presenciei isso, e não acho que seja sempre, é uma forma de controle de uma pessoa insegura... Posso estar exagerando, mas numa questão de tempo a gente leva uma "jogada na cara", ou somos discretamente chantageados.

Não acho que seja uma regra, mas me sinto mais seguro com pessoas que estejam correndo atrás, assim como eu, quem sempre teve tudo, não me inspira muita confiança... Eu já fui intimo de alguém assim, eu mesmo.

Se me perguntarem o que me faria feliz hoje em dia eu diria sem pestanejar... Acordar todos os dias com beijo na boca do meu amor, ter meu lugarzinho aconchegante, cheiroso e limpinho, todo do meu jeito, e ter uma tarde inteira com minha familia sem ouvir alguém falar de um problema muito sério. O nome é Paz, e não tem dinheiro que compre.

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