segunda-feira, 28 de julho de 2008

Dr. Jekyll ou Mr. Hyde?

Já sentiu seu lado obscuro hoje?
O Médico e o Monstro (título original em inglês: The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde) é o nome do famoso livro do escocês Robert Louis Stevenson publicado em 1886, que por meio da metáfora propõe uma reflexão da natureza mais sombria do homem. Anos mais tarde, Stephen King define a obra de Stevenson como um exemplo da mitologia do lobisomem, "o conflito pagão entre o potencial apolíneo do homem e seus desejos dionisíacos".

A cultura deu diversos nomes, várias justificativas, intelectualizou e inclusive justifica a barbárie com a terminologia jurídica, homicidio doloso, culposo, tentado, consumado (corrijam-me os advogados). A própria palavra "Barbárie" é uma criação cultural, assim como "Genocidio", "Holocausto", "Massacre". Mesmo Freud tinha uma visão (inclusive radical) da maldade humana, defendia que o ser-humano era intrinsecamente mal.

Nos textos Totem e Tabu (1912) e O mal-estar na civilização (1930), Freud enfatiza a articulação entre desejo e culpa, levando-nos a pensar no eterno ciclo da repetição e na relação entre frustração, culpa e proibição.


No cinema já "assistimos" o duelo entre os Jedis, pertencentes a um ordem de guerreiros que dominam o lado "luminoso" da força, em contraposição aos Sith, o lado "negro" da força. Mesmo no universo fictício de Star Wars, criado por George Lucas, existe o embate do bem contra o mal, e do bem resistindo às tentações desse lado sombrio e perverso.

Eu poderia citar centenas de exemplos, mas meu ponto aqui é outro, até porque já escrevi sobre tema semelhante (MAU, 19-08), mas a minha pergunta inicial não foi esquecida, quando você sentiu seu lado sombrio pela última vez?

Desde a adolescência sempre tive fascínio por uma literatura mais sombria, em especial pelo universo dos vampiros. Eu lia de tudo, desde a literatura adolescente da coleção O Pequeno Vampiro, da alemã Angela Sommer-Bodenburg até os sanguinários de Anne Rice. Até hoje mantenho o hábito de usar roupas negras, e ADORO! Me identificava com aquela solidão, aquela sensação de que havia tempo demais pela frente, olhar no espelho e não enxergar nadica de nada. Através dos vampiros me deparei com estes seres verdadeiros, que assumem suas perversões, que aceitam suas limitações, que são poderosíssimos, mas ao mesmo tempo absolutamente vulneráveis. Seriam os vampiros um retrato sincero do que somos?

Eu exercito regularmente meu lado sombrio, não me esforço em parecer alguém sempre bonzinho e bonitinho, acho um tédio inclusive. Fui condicionado (ou educado) a não querer o que é do outro, a controlar minha inveja, a ser rejeitado e simplesmente esquecer, deixar passar. Lógico que tenho uma natureza privilegiada, e me guio também pela minha inteligência. Não quero o que é SEU, simplesmente porque não é MEU, conquisto as pessoas sendo quem sou, porque teria preguiça em ser charming em todos os momentos da minha vida, não curto traição, porque conheço a dor de ser traido, e não acho gostoso.

Depois de abrir meu coração para uma desilusão amorosa (que meio que me motivou a começar a escrever o blog), e de me arrebentar mais uma vez, by the way, poderia ter entrado numas de começar a jogar também, coisa que eu sei fazer muito bem. Seria fácil pra mim dissimular, enganar, colocar qualquer um nas minhas mãos, pra depois chutar, seja numa amizade ou num caso amoroso. Sim, eu tive excelentes professores, e esquecendo a censura, o "bom senso", tenho toda a técnica, todos temos.

Acontece que não quero, não tô interessado. A certeza que tenho é que isso atrasa, seria andar pra trás, e não tenho mais tempo a perder com revoltas tolas.

O lado sombrio me lembra noite, lembra me machucar antes de machucar qualquer pessoa, me colocar em situações que me agridem. Isso é sombrio, é me deixar esvaziar, sofrer artisticamente, me fazer de vitima.

Não sei, não estou certo que seja uma questão de escolher um lado, como nos filmes. Não somos vampiros, uma metáfora do homem perdido na sua própria escuridão, temos o completo controle das nossas ações, sem medo do sol, sem ânsia de sangue. É escolher entre contemplar... Ou viver a vida que você escolher. Sim, fiquei com a segunda opção, mesmo adorando usar preto e sendo naturalmente pálido...

2 comentários:

Di disse...

Ameeeeeiiii!!!

Saudades das "lambidas"* do meu vampiro! hahahahha

* Morram de inveja.

Unknown disse...

Bom o texto... adorei!
Papo de tese de mestrado em filosofia...