quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

ChristMAX

Chega o Natal, o mais diferente da minha vida, e tambem quase metade do meu contrato. Comecamos em janeiro com os cruzeiros curtinhos, melhores pra fazer dinheiro e tambem pra correr o tempo. Pelo que me disseram agora o tempo voa, mas depois desacelera quando faltam semanas pra voltar pra casa, mas quem esta contando, certo?

Minha tecnica de sobrevivencia e viver 1 dia de cada vez, aproveitando ao maximo o meu tempo livre, me divertir sempre que possivel, e malhar bastante pra voltar para o Brasil gostosissimo, logico!

O Natal la em casa vai ser diferente tambem, sem o meu humor caracteristico, mas com a presenca do Diego, meu sobrinho novissimo no pedaco.

Meu presente chega em janeiro, diretamente de Cozumel, minha primeira surpresa para quando voltar para casa.

Hoje o trabalho deixa de ser tao penoso, a depre nao e mais tao valorizada, isso porque sei que e passageira, e os novos amigos estao cada vez mais proximos, uma galerinha que eu nunca mais vou esquecer, e sem eles as coisas seriam muito mais dificeis.

E fico por aqui, desejando uma festa de muitas alegrias a todos. Apreciem suas familias e bons amigos, sem moderacao.

Saudades...

2 meses no mar, estresses de trabalho acalmados, 4 kg ganhos (e ja sendo perdidos), passagens por quinhentos lugares diferentes e alucinantes, ja careca de conhecer o navio e seus procedimentos, e entediado.
A rotina chega em qualquer lugar, mesmo na vida cigana, e comeco a buscar no meu dia-a-dia coisas para preencher meu tempo. Priorizo as uteis, construtivas, mas nao descarto as mais simples, como boas e longas horas de sono.
No momento me bate certa carencia mesmo, falta de companhia no final do dia puxado, ou no decorrer do longo dia de PN pra fazer. A ultima coisa que pensei em fazer aqui foi arranjar "sarna pra me cocar", mas vou dizer honestamente que sinto uma falta enorme de assistir filme abracadinho.
A ultima vez que tive isso foi dias antes da minha primeira postagem (la pra baixo), e no final das contas acabou como na maioria das vezes, muito mal.
Tenho a impressao de que quando voltar pra casa vou me casar e passar a escrever mensagens sobre como encontrar sua "alma gemea". Ok, ainda nao foi dessa vez que o navio me enlouqueceu, nao a esse ponto! Brincadeiras a parte, quando nossas "valvulas de escape" sao limitadas nos deparamos com o que realmente temos, nos mesmos, e e um lugar bastante solitario. Sinto falta de colocar minha alma na arte, sinto falta de conversas inspiradas, olhos-nos-olhos, grudadinhos...
E, realmente estou mudando, e muito mais rapido do que imaginava.
PS. Fecho os olhos todos os dias por alguns instantes e me imagino indo pra casa, e como isso e inspirador!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Nao abandonado nem abandonando

2H15 da matina, direto no compu depois de 2h na academia, relaxado, chegando mais uma vez amanha em Puerto Rico, doido pra que acabe logo esse cruzeiro e os proximos de dezembro, a partir de janeiro somente cruzeiros curtos, bem melhor e com mais tempo para descansar.
Passei por uns momentos dificeis por aqui, quase entreguei os pontos, cheguei a me visualizar voltando pra casa, passando o Natal com familia, reencontrando meus amigos, mas sabia que pagaria um preco por sair daqui antes do meu tempo, e "jogadas na cara" nao faltariam. Nada que eu nao pudesse superar, mas ja que cheguei aqui, vou ate o final, nao e nem questao de honra nem nada, e mais um comprometimento pessoal, uma meta.
Nao sabia exatamente como lidar com os problemas que tive, simplesmente problemas com gente tentando pisar em mim e se aproveitando da minha inexperiencia nisso aqui pra me fazer sentir uma merda. No Brasil eu saberia como fazer pra me sentir melhor, simplesmente armaria um berreiro, descia o morro inteeeiro, ia afundar esse navio! Aqui as coisas "estao" um pouco diferentes, e faz parte da minha experiencia nao agir obviamente, avaliar melhor minhas acoes e reacoes.
Com paciencia eu consegui virar o jogo, e me sinto hoje super orgulhoso de mim mesmo! Eu fui engolindo todos os sapos, tava me sentindo pessimo, ia trabalhar todo dia por quase uma semana me sentindo o pior dos seres, super na merda. Ok, esperei, orei (believe me) e me entregaram de bandeja o que eu precisava. Nao quero detalhar aqui pra nao ter problemas, mas basicamente a arma que eu precisava pra me defender veio sozinha a minha mao, e eu fiz o uso corretissimo, inclusive na hora certa... O mais importante, ainda to conduzindo isso, to tao orgulhoso que meu ego deu aquela inflada, mas to ciente e segurando as pontas, me esforcando ainda mais, me preservando e AGORA SIM, voltando a me divertir por aqui.
Ja passei o servico completo para os amigos e pra familia, e como estou feliz comigo mesmo agora, isso aqui esta valendo a pena sim, e nada de abandonar o navio. Oscar Oscar Oscar, NOT!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Happy birthday Max

Primeiro aniversario longe de casa em 28 anos, talvez o primeiro de alguns, quem sabe de muitos, dificil decidir isso agora. E obvio que para quem me conhece ou le o que escrevo sou o tipico sagitariano espontaneo e aventureiro, mas ao mesmo tempo sistematico e calculista, e como e dificil administrar minha metade homem, metade animal, ainda mais num momento em que decidi dar uma guinada na minha vida!
Sei que parece repetitivo (as usual), mas como a gente sente falta das pequenas coisas, mesma aquelas que ja cansamos de reclamar. Foi triste ligar pra casa hoje e falar com a minha avo, sentir a preocupacao na voz dela, ouvir que tem saudades de mim. Nesses momentos eu penso se devo me acostumar a isso ou simplesmente "correr o tempo" para voltar ao "conforto" da minha antiga vida. Ca estou eu sendo sistematico de novo, mas nao tem como evitar. Imagino que o "mais adequado" seria mais um meio-termo, simplesmente transformar isso, fazer realmente valer a pena toda essa distancia chata, e deixar um pouco de lado minhas referencias, correr o risco de me deparar com uma "agradavel surpresa" la na frente.
Estou me acostumando a vida aqui, mas nao exatamente me sinto parte desse lugar. Quem ve minhas fotos de viagens engana-se em enxergar glamur, a realidade e bem diferente. Aqui voce faz business serio, segue regras rigidas e se entrega totalmente aos momentos de liberdade fora do navio, pelo menos e assim para mim.
Teve um dias desses que me vi planejando nao sair em uma ilha do Caribe (que visito a cada 10 dias) para aproveitar para dormir, fazer minha laundy e malhar. Agora ja foi, perdi minha visao do "lado de fora", enxergo minha vida aqui exatamente como ela e. As vezes me pego rindo dos absurdos, do tipo me ver num grupo com 7 nacionalidade diferentes. O mais engracado e pegar elevador aqui, cada um falando sua lingua, uma verdadeira "feira de peixe" multinacional.
Oops, me perdi no raciocionio, mas estou ouvindo agora uma versao da Natasha Bedingfield de "Ray of Light" da Madonna... E amo a sensacao que a musica me passa. And Happy Birthday for me!!
I'll be right back bitches!!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Aprendendo a domar cobras

Depois de uma troca de inspirados depoimentos orkuticos com minha amiga DQ fiquei pensando nos basicos 2 tipos de pessoas que existem no mundo: os possuidores de "luz propria" e os que necessitam da "luz alheia" para sobreviver.

Retifico que nao quero AT ALL entrar no campo de religiao, auto-ajuda ou fisica, talvez um pouco de cada coisa, mas defendendo basicamente o meu ponto-de-vista, baseado na minha percepcao dos fatos, e como isso aqui ficou muito tecnico!

No meu antigo mundinho eu ja tinha superado pelo menos as minhas insegurancas basicas. Vamos colocar assim, ao menos eu sabia que tipo de merda eu era, e que existem diferentes tipos de cores, texturas e cheiros. E VIVA aos bons exemplos que realmente fixam na nossa cabeca!

Nesse novo mundinho pelo qual transito atualmente minhas antigas insegurancas vem a tona, e me sinto meio "like a virgen" em alguns momentos, e pelo menos foi assim no comeco.

Quando voce ingressa num business como esse tem a impressao de que vai encontrar pessoas com o seu perfil, espiritos livres, gente que fugiu do considerado "mundo real" para seguir o seu proprio rumo, dentro das suas proprias regras. Ok, deixando de lado a poesia de propaganda de cigarros, TUDO BESTEIRA, os babacas tambem estao aqui, aos montes!

Se voce e novo, jovem, bonito e talentoso torna-se um alvo facil para os parasitas, e ja vivi isso inumeras vezes na minha vida. Existem aqueles que "gentilmente" pegam emprestada a sua "luz", o que considero uma relacao saudavel, outros tentam desesperadamente rouba-la de voce, mas acabam como copias baratas, risiveis, de dar pena (e nem estou sendo cruel, believe me). Os mais perigosos sao aqueles que se incomodam com o seu talento, mas sao cientes das suas proprias limitacoes, e tentam a qualquer custo TE FUDER, no portugues claro e cristalino.

Eu cheguei aqui timido e receptivo, coracao aberto e preparado para as regras de exercito e pressoes do trabalho, e olha que tirei tudo isso de letra! So nao contava com um covil de cobras... Please, tambem encontrei gente OTIMA, que em menos de 1 mes ja se tornaram amigos de uma vida inteira, incrivel!

Fiquei sinceramente impressionado com a cultura mesquinha e primitiva que reina por aqui. O povinho que trabalha comigo faz a mesmissima coisa ha 2, 3, 6 anos, e alguns se acham o maximo por isso, e fazem questao de revirar os olhinhos ou rirem da gente quando cometemos algum erro.

Mamae me mata, mas nao vou fazer o joguinho de ser amiguinho de cobra nao. Nao consegui ser assim ate os 30, entao larquei de mao. Refinei minha tecnica, transmito a mensagem sutilmente, na subliminar, e adoro ver a carinha dos coitados querendo me matar, acho uma delicia!

Para sobreviver aqui sem perder a personalidade e nao virar comida de tubarao tenho que me manter longe dos coitados, engolir sapos, processa-los e depois arrotar bolhinhas de sabao na cara deles, e ser feliz com o que e com quem vale a pena. Alem de ganhar meu dindin, viajar pra caralho e beber muita Marguerita, Pina Colada e afins em aguas caribenhas... Porque eu posso!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mais causos de um marinheiro de sangue quente

Andei escrevendo umas coisas por ai, geralmente no papel mesmo, para depois entao passar para o compu. Pensei e resolvi nao postar nada daquilo, tava parecendo dramalhao mexicano com pitadas de uma auto-ajuda meio negativa e cinica, misturado com Virginia Wolf mais pitadas freudianas de diva furado. Isso aqui nao nos permite muita psicologia ou literatura, basicamente e business, praticidade, e um bando de gente querendo passar por cima da sua cabeca ou desesperada para se afirmar de alguma forma.

Eu tenho que tomar cuidado pra nao julgar as pessoas pelas suas acoes e reacoes, ate porque e preciso levar-se em consideracao a questao cultural, fora o "estrago"que esse tipo de vida acaba fazendo na cabeca de algumas pessoas, geralmente as de personalidade fraca ou sem personalidade. Minha familia me advertiu antes mesmo que eu saisse do Brasil a controlar meu genio, isso porque sabem como me comporto em relacao a injusticas e a gente babaca tentando pisar em mim, basicamente... NAO ADMITO! E algo organico, me faz bem e ponto. No comecinho aqui fiquei de cabeca baixa e engoli os sapos pensando que fazia parte da experiencia, e olha que engoli VARIOS sapos-boi! Passado algum tempo tenho compreendido melhor a sintonia por aqui, e detectei falta de respeito e povinho mediocre de merda querendo dar uma de boss pra cima de moi, ai o sangue ferveu e o bicho deu uma pegada de leve.
Vontade de avancar nao me faltou, mas simplesmente assumi uma postura mais profissional, como nunca antes, alem da lei de "gritou comigo, gritei contigo". Obviamente me esforco ao maximo aqui pra nao perder a razao, mas ontem mesmo tava ajudando uma colega e levei um "move on" aos berros... Quase saltei do elevador pra jogar ela no mar, mas me resumi a segurar a porta do elevador que estava fechando e dizer em alto e bom som "take it easy honey, I'm not your husband or even your friend!"
O negocio aqui e brabeira em alguns aspectos, ate porque voce tem um supervisor que so pensa na grana pra entrar e uma cia excelente, mas que preza pela sua saude fisica, seguranca e seu direito a nao virar carne para piranhas famintas (rigorosas regras contra harassment), mas no final das contas os pormenores sao por sua conta, aqui nao tem crianca, entrou nessa tem que segurar a onda, ou entao desistir. Os brasileiros tem a fama de desistir facil, isso porque nao estao acostumados com o ritmo pesadissimo do trabalho e tambem, geralmente, nao tem a mesma necessidade de outras culturas, como a de sustentar familia back home.
Eu tenho momentos excelentes, mas tambem ja me senti intimidado e assustado, ja me senti um merda, mas nunca me arrependi de ter vindo, de jeito nenhum! Tive a sorte de ter um irmaozao de cabinmate, de encontrar pessoas queridas que hoje sao minhas amigas, e o azar de me deparar com uma equipe de trabalho negativa, com componentes que vao de uma vadia escandalosa que acha que todo homem tem medo dela (tadinha, comigo morreu de fome...), tem uma robo desequilibrada, uma altamente risonha (nao confio em gente que ri toda hora)... Enfim, to bem na fita pra caralho! Rs
Superando minhas dificuldades, me conhecendo melhor, seguindo as regras e administrando minha nova vida da melhor maneira possivel vou levando, aproveitando o tempo que passa muito rapido, e morrendo de saudades dos meus queridos do Brasil.
Vou ficando por aqui, na promessa pessoal de nao virar a cabeca por aqui, mas JAMAIS perdendo meu maior trunfo, ser exatamente quem eu sou.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

No meio de algum lugar em lugar nenhum

Passaram-se 20 dias desde que deixei o Brasil, e fui deixando algum tempo passar antes de escrever alguma coisa, justamente pra evitar uma verborragia insana e dramatica (well, more than the usual... ) de alguem tentando administrar algumas crises num momento de grandes mudancas. Hoje me sinto sereno, passado o medo e a pressa de que tudo acabasse logo para que eu voltasse a minha antiga vida.
Esses dias andei pensando em como e estupido, e perfeitamente humano, querer voltar ao ponto de partida. Quando tudo se mostra tao diferente nossa vontade e fugir e voltar para o nosso lugarzinho "confortavel", para o aconchego dos nossos velhos habitos. E como emprego novo, mesmo quando voce odiava o antigo, quando comeca o novo fica pensando por alguns momentos em como ja estava acostumado com a rotina do antigo.
Estou quebrando um ciclo de anos, assumindo os riscos das MINHAS decisoes, sendo realmente gente grande e dono do meu nariz, como sempre quis. Parece otimo, so nao tinham me avisado que esse percurso e bastante solitario.
Nao vou dramatizar, ate porque nao me sinto assim, mas e impossivel nao pensar que o mar, atualmente meu lar, e uma grande metafora pra tudo isso.
Sinto imensa saudade do Brasil, dos meus papos de mesas de bar e as noitadas com meus grandes e deliciosos amigos, das brigas em casa, da comidinha da vovo, dos papos com minha mae e grande amiga, mas comeco a me acostumar a uma vida tambem cheia de privilegios, o emprego dos sonhos de muita gente. Isso aqui e meio ilha de Lost, voce esta literalmente fora de sintonia com mundo, mas ao mesmo tempo o mundo inteiro esta aqui. Voce perde algumas coisas do mundo "real", mas adiciona outros improvaveis para um vida "normal".
Fico feliz em perceber que os motivos de comecar a escrever aqui, minhas trapalhadas amorosas e dificuldades em me encaixar no mundo tornaram-se pequenos e distantes. Aqui, ou voce rema ou afunda, nao existe meio-termo. Excessiva disciplina, mas absoluta liberdade.
Bom, melhor do eu esperava, mas mais dificil tambem... E quem foi que disse que eu queria diferente?

20 dias atras

Sentado numa poltrona apertada de um voo da American Airlines, ao lado de um professor universitario de quase 2m de altura (sim, ele puxou assunto, mas logo cortei, nao era meu mood), vou repassando sem maiores comprometimentos os ultimos eventos que me permitiram chegar a essa viagem. Tudo aconteceu tao rapido que estranho minha frieza, a dificuldade pra "deixar a ficha cair". Me sinto simplesmente seguro, sem maiores medos ou coisas do genero. Tenho certeza que nao e um prenuncio da minha habitual arrogancia, e estranho constatar que estou pronto para isso, e so. Logico que preparei tudo minuciosamente, repassei passos e pesquisei. Enfim, o Polaramine que tomei pra dormir bateu, entao ate mais.
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Ja passei pela fria e nada amistosa recepcao da alfandega americana, testemunhei um rapaz mexicano sendo "gentilmente" deportado, dei meu pulinho no Starbucks, giros em free shops e agora to sentadinho esperando o voo da conexao. By the way, estou em Miami indo pra Baltimore.
Gostoso ligar pra casa e falar com minha avo. Antes de viajar dei uma fuxicada no orkut do irmao de um amigo meu. Tinha uma foto dele de frente pra uma praia lindissima, nao sei aonde, mas com a legenda "Solidao e Liberdade". Acho que essa minha jornada tem um pouco disso ai, conhecer mais de mim mesmo sem todo o "staff" que sempre me rodeou.
Sim, eu desci do aviao pensando "Caraca, sera que e isso mesmo?"
Amanha conheco minha nova casa pelos proximos 6 meses, longe dos meus irmaos, mommy, grandma e amigos, e tudo que e familiar pra mim.
Ao mesmo tempo em que toda minha "bagagem" e o que me ajudara a sobreviver por aqui, tive que zerar tudo, vir pra ca sem rotulos, sem conhecidos, sem familiares.
Dando um tempo no drama, to adorando. Estou pisando num degrau que era pra ser meu faz tempo, agora chegou a hora.
ps. Maldito teclado americano!!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Max and the Sea

Real demais pra sonhar. Imediatamente me veio essa frase na cabeça quando sentei para escrever. Um sagitariano típico temperado com veia artística, meio cartoon querendo ser filme noir. Confesso que tenho um talento inato em escrever e descrever a vida, transformando um singelo café-da-manhã “pão com ovo” num refinado brunch. Pessoas como eu são vistas como sonhadoras, dramáticas, solitárias nos seus mundinhos grandiosos, rodeados não de muros, mas de pesadas cortinas de teatros.

Assumi muitos dos meus lados, o obsessivo, o controlador, o narcisista, além disso, finjo não ser tão adorável, tenho freqüente repulsa de ser sentimental, hora penso que sou um frio e cínico megalomaníaco, hora que sou simplesmente um garotinho carente e patético tentando se encaixar.

Dramas a parte (porque a vida seria muito “sem sal” para alguém como eu) tenho uma coleção de momentos frustrantes, quando achei que daria um grande salto em direção a algum lugar, mesmo que não fosse o ideal, mas pelo menos diferente, dei foi com a cara em algumas paredes.

Passada minha contemplação pós-trauma, vivenciada com minhas melhores e mais dramáticas lágrimas e frases de efeito entoadas com minha voz de ator shakesperiano (uau, eu merecia um Oscar!), caí de novo na rotina, tentando fazer dos meus tombos números de pastelão, meus romances frustrados em dramas épicos e minhas fugas noturnas em aventuras do underground, algo meio Spin City.

Escrever esse blog foi meio que revelador pra mim. Sempre fui de escrever e depois rasgar tudo, nunca achei que seria bom o suficiente, ou então fiquei com medo de desvelar uma faceta cuidadosamente mantida no mistério, bullshit!

Foda-se! Ninguém leva tão a sério assim. Algumas pessoas riem, outros se identificam ou me criticam, e inesperadamente ACHO DIVINO! Outro dia uma amiga me disse que ela e mais outro amigo adoravam rir dos meus textos (sim sim, você mesma baixinha), por um segundo eu pensei “mas será que era pra rir?”.

Sim sim, novamente, esse foi exatamente o espírito da coisa! A vida é tão cheia de possibilidades, mas ao mesmo tempo TÃO limitada que eu tenho achado muito digno rir bastante, e me permitir.

Minhas experiências tão frustrantes me prepararam para o dia de HOJE, tornaram possível eu dar esse pulinho que estou dando. Meus trabalhos odiosos sem querer abriram as portas pra uma nova experiência, minha relação de amor e ódio com minha família me preparou pra encarar novas dificuldades dando o tom certo, dramatizando só pra dar uma “moldura” (I’m sorry, não abro mão disso...), mas sendo totalmente dispensável se eu quiser.

Nunca vou fugir da minha fantasia, sempre associarei um lindo pôr-do-sol a um belíssimo modelo de “sunglasses” e taças de vinho (ou um Fruit de La Pasion geladíssimo!) numa praia belíssima, mas vou soltar muito “puta que pariu” reclamando da queimadura de sol.

Estar pronto pra viver? Isso não existe, é um mito. Saber viver sua natureza é que é bom demais. Eu vivo com os pés no chão, mas sou um sagitariano chato pra cacete, performático, de nome chique e pés chatos.

Cansado desses palcos me lanço numa aventura muito verdadeira em qualquer lugar. Autoconhecimento ou trabalho escravo? Os dois juntos, pode ser? Sem querer abraço uma nova oportunidade na minha vida, deixando pra trás meus antigos enredos e escrevendo como faço nesse blog, de qualquer jeito, sem afinação, ou limites (inclusive para o tamanhão dos textos).

Sorry, não sou Clarisse nem Jabor, sou Max, me tornando “Minimum” num mundão grandão.

Vou tentando escrever por aí, primeiro no papel (não vai ter mais aquela classe de Carrie Bradshaw nem as correções do Windows, mas vai ter toda uma dramaticidade que é a minha cara!), depois passo tudo pra cá, prometo!

Ah, ainda sem data, mas até o final do ano, hope so!

domingo, 31 de agosto de 2008

IMAGENS

Divas que não existem mais em tempos de mulheres frutas...


















terça-feira, 26 de agosto de 2008

Várias coisas...


Vários dias sem postar nada... Nem foi falta de inspiração, ou preguiça, eu andei foi constrangido de escrever certas coisas. Quem convive comigo pode nem acreditar, mas eu detesto exposição, então tenho que exercitar muito minha escrita pra me abrir por aqui sem maiores intimidades, mas mandando minha mensagem. Vai entender...

Eu tenho mania de fazer um balancete do meu ano quando me bate alguma deprê, os "altos" de 2008! Bom, eu parei de fumar depois de 10 anos na fumacinha, tô em excelente forma física, saí do emprego nojento... Hummm, acho que foi isso. Não sou de curtir muito derrotismo não, até porque já sobrevivi a alguns "Tsunamis" nessa vida, convivo com pessoas dificílimas, e já tive inúmeras provas de fé na minha vida, até o dia em que a perdI por aí. Não completamente, mas digo que perdi.

Me sinto provilegiado, depois de muito tempo me achando um merda, por ter tantos talentos. Sou um cara de atitude e personalidade, além disso ainda tenho um sex appeal do caralho, e acompanhado de inteligência! Arrogância minha, você acha? Foda-se, me vejo no espelho a mais tempo do que qualquer um, so...

Odeio olhar pra trás e ver que joguei muito do meu potencial no lixo. Não chego a me culpar, foram circuntâncias da vida, em alguns momentos, inclusive, da vida que EU escolhi. Odeio ter evoluído no invisível, queria muito que meu sucesso fosse palpável.

A vida me testou em tantos momentos, mas em tantos, que depois de tanta cabeçada na parede deixei meu maior sonho de lado, larguei tudo! Minha familia tanto me ajudou como me afundou, mas não foi culpa de ninguém, e culpa de todo mundo, inclusive minha. Venho me adaptando a um caminho alternativo, algo maduro, produtivo, rentável no mercado, mas partir do (quase) zero é tão dificil...

As coisas ficam ainda mais dificeis quando cobramos tanto de nós mesmos. Eu sou um verdadeiro soldado quando quero algo, sou determinado e tenho as armas certas, mas a vida sempre encontrou algum tipo de "Kryptonita" pra me balançar as pernas, ou fazer doer os joelhos...

É, estou amargo sim, e decepcionado. Detesto contemplação passada dos limites, já estou arregaçando as mangas, mais uma vez, lutando contra a vida e contra mim mesmo. Mas agorinha mesmo tô vazio.

Alguns momentos me olho no espelho e vejo um rapaz esperto, cheio de vida, iluminado, ultimamente tenho me deparado com um velho, e isso me incomoda muito.

Enfim, deprês a parte, vale lutar para não deixar esses sentimentos se repetirem daqui a, sei lá, dez anos.

Seria devastador pra mim...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Fui eu quem bebeu e comeu a Madonna

Numa fase meio like a virgen você apareceu para mim, dançando com cruzes em chamas, ou vestida de noiva sexy, fiquei curioso e fascinado com aquela bad girl, fui chegando perto meio tímido, sem saber o que falar, desajeitado, até que você gritou "are you ready?" e não tive dúvidas, bye bye baby, deixei para trás meus tempos de cry baby e embarquei contigo para uma isla bonita, afinal, pensei, I deserve it!

Me despedi rapidamente da minha antiga vida, "If you forget me... In this life... Live to tell... Cause I'll remember".

No inicio fiquei meio perdido, embora totalmente entregue àquela sensação de freedom, mas antes de embarcar totalmente naquela viagem drowned the world, completamente crazy for you, olhei para o céu (porque sky fits heaven), e like a prayer disse com os olhos fechados "oh father!"

Agora estava pronto para dance 2night! Não queria saber do easy ride, não tinha medo da sua companhia, até porque, camaleonica que é, mesmo devil wouldn't recognize you!

Pronto para minha jornada me despi de todo meu passado, agora só me interessavam future lovers, e se alguém tentasse me contrariar eu diria "don't tell me!" antes que terminasse a frase. Agora não tinha mais jeito, deixei de ser frozen, passei a ser fever, levei a sério quando você gritou enérgica comigo num momento em que eu estava inseguro "express yourself!" E me expressei!

Óbvio que cometi meus deslizes nessa jornada, human nature, me vi em alguns momentos agarrado ao telefone waiting por aquela ligação, I know it... I'm so stupid... mas foi só você me dizer "hey you" para que eu despertasse... Envergonhado, mas a tempo de hung up. Mesmo assim você me perdoou e disse "nobody is perfect", e eu respondi choroso "sorry".

Assim fui aprendendo a aproveitar a vida, dizendo todos os dias para o espelho "I'm very beautiful, Incredible." Mas nunca esquecendo a minha beast within, uma espécie de beautiful stranger! Não há como negar, tive que dizer goodbye to innocence, realizar que teria que deixar para trás os tempos de holiday, mas tudo bem, você sempre estará lá para me ajudar! Afinal, você sabe como ninguém how it feels like for a girl... ou um rapaz!

Bom, chega de melodrama, daqui a pouco vai ser uma rain de lágrimas... Eu sou um survival, uma lucky star, mas tô olhando pra frente, mesmo que às vezes dê uma espiadinha pra trás, só pra dizer "this used to be my playground..."

Mas foram tantas words pra dizer o que você me fez entender wild dancing... Mas você faz isso comigo, me deixa tonto.

Quer fazer a mesma viagem? Posso te ensinar o caminho, se me prometer manter o secret! Quando você menos esperar, num simple day, vou estar do seu lado como guia, my boy.

Só não reclame depois, não há volta. E quando você não estiver entendendo nada, mas encantado com tudo e me perguntar "who's that girl?", te responderei "nothing really matters!"

Você está pronto... para jump?

domingo, 17 de agosto de 2008

Frases que não escrevi

Sem maiores delongas, algumas das frases que eu adoro lembrar.

"Fátima você é uma cachorra! Mas eu eu eu... Eu gosto de cachorro! A Brigitte Bardot não gosta de foca? Então, eu gosto de cachorro!"

"O que que o Marco Aurélio tá fazendo aqui? Eu tô louca ou eu entrei numa maquina do tempo? Ô Marco Aurelio, a gente ainda tá casado? Que ano é hoje?"

Helena Roitman - Vale Tudo


"Life is a Bitch... Now so so am I!"

"I am Catwoman, hear me roar!"

"You poor guys. Always confusing your pistols with your privates."

Catwoman: "You're the second man who killed me this week, but I've got seven lives left."

Batman: "I tried to save you."

Catwoman: "Seems like every woman you try to save ends up dead... or deeply resentful. Maybe you should retire."

Selina Kyle: "It's the so-called "normal" guys who always let you down. Sickos never scare me. Least they're committed."

Batman Returns


"Tenho que continuar respirando porque amanhã o sol nascerá. Quem sabe o que a maré poderá trazer?"

Tom Hanks - Náufrago


"A diferença do amor e o ódio é que por ódio você mata... por amor você morre!"

Saída de Mestre


"O homem é tão atroz quanto criativo."

Uma Mente Brilhante


"Na vida há tempo para se arriscar e tempo para se ser cauteloso, e um homem sensato sabe qual é a altura certa para cada uma destas coisas."

A Sociedade dos Poetas Mortos


"Tudo é uma versão de outra coisa."

"Mentir é a melhor coisa que uma mulher pode fazer sem tirar a roupa, mas fica melhor se ela tirar!"

Closer


"Só melhoramos se jogarmos com alguém melhor do que nós."

Match Point



"No jogo da sedução só existe uma regra: nunca se apaixone."

Segundas Intenções


"E a fera fitou a face da beleza. E a beleza acalmou a fera. E a partir desse dia a fera perdeu a imortalidade."

King Kong


"O maior truque do Diabo foi dizer ao homem que ele não existia."

Fim dos Dias


"Trabalhamos em empregos que odiamos para comprar porcarias de que não precisamos."

Clube da Luta


"Façam um ótimo café da manhã, pois esta noite jantaremos no inferno!"

300


"Olhe para nós: Eu congelado, você morta e mesmo assim ainda te amo."

"Nos encontramos em outra vida, quando virmos como gatos."

Vanilla Sky

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Enquanto isso, numa madrugada fria...

Nossa, assisti a um filme por indicação do meu irmão, “Shelter”, coisa mais linda! Ok, daqueles filmes melosos e cheios de clichês, mas que me deixou meio deprê... Fiquei me lembrando de sensações da minha vida, desejei por um instante que aqueles clichês fossem reais, na verdade que durassem além dos créditos.

Da última vez foi algo recente, acho que periodicamente me permito esse tipo de entrega, fazia tempo que não acontecia... A diferença das outras vezes foi que dessa vez soube lidar com maturidade, pelo menos fico me repetindo que foi assim. Ao menos sofri bem menos, acho que amadurecer acaba sendo um paliativo para a dor, você cria o seu enredo racional, se convence de que foi o melhor a fazer e ponto, assunto encerrado.

Sempre digo aos amigos que o sofrer é igual ao dos 10, 15, 30, 50 anos... Mas vamos racionalizando tudo, nos entorpecemos até esquecermos, seja com desculpas, trabalho, álcool ou uma distração sexual qualquer, cada um sabe de si.

Depois da minha primeira desilusão amorosa de adulto aprendi essas “técnicas”, fiquei mais esperto, mas o estranho foi que fiz uma tatuagem enorme no braço, acho que com um significado que foi ficando cada vez mais interessante à medida que eu explicava o meaning para alguém, mas que significa, simplificando, que ainda vou me permitir algumas tentativas na minha vida, mesmo sabendo dos riscos que corro.

Fiz essa escolha porque ainda acredito no que já senti por alguém, aquela sensação que o filme me remeteu e deixou com os olhos cheios de lágrimas. Odeio me sentir um romântico, como já me disseram alguns que leram meus textos, detesto ainda mais quando, tendo tanta coisa pra encaminhar na minha vida, ainda tenha que pensar nisso, porque é um assunto que sempre vem à tona, algumas vezes por dia.

Uma confissão: todas as noites ao dormir, desde criança, fecho os meus olhos e imagino alguém comigo, sinto o calor desse corpo que eu não sei qual é, fico imaginando o cheiro, o olhar... Coisa de doido, eu sei! Mas não consigo evitar.

Fui me tornando alguém que às vezes não reconheço, e me assusta perceber que muitas pessoas me vêem assim também. Será que ficou tão difícil assim de me enxergar, será que me escondi tão bem assim?

Se me dispo por completo fico vulnerável demais, acabo me cobrindo de sangue e me jogando aos tubarões (uau, isso foi dramático,às 3h34 am e estou me superando!), mas se continuo tão coberto, corro o risco de nunca ser encontrado pela pessoa certa (!).

Como saber dosar? Ou devo simplesmente esquecer o assunto e move on?

Amigos

Amizade. Eu já ouvi muitas “frases feitas” sobre o tema: “Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”, “Amigos de verdade conto nos dedos de uma das mãos”, “Amizade de verdade é aquela dos momentos bons e também dos ruins”...

Ok, impossível não concordar com alguns destes “conceitos”, mas pensando em amigos, eu diria que existem suas variantes. Na prática a coisa é um pouco diferente, pelo menos pra mim.

Não fui nem uma criança nem um adolescente de muitos amigos, acho que não me enquadrava nas “panelas”, não chegava a ser apagado (isso, aliás, nunca fui), mas digamos que a popularidade nunca tenha sido meu forte, até então. Eu chamava a atenção pela polêmica, era ousado em expor minhas idéias, batia de frente com os professores, mas isso nunca me rendeu um convite pra alguma programação fora da escola, talvez algumas poucas vezes, mas eu não tinha meu grupinho, interagia com todos, superficialmente.

Os “Nerds” me aceitavam até certo ponto, eu não era “CDF” como eles, fora que tinha certa vergonha de andar com aquela gente meio ensebada, e totalmente conformada. Os “Pop’s” me deixavam chegar perto, meu humor abria rodinhas, mas não demorava muito até que me excluíssem ou fossem cruéis comigo, basicamente me colocando no meu devido lugar.

Os anos foram passando, fui-me “desentortando”, mas mantendo bastante estilo, e nos tempos de teatro passei a ser sensação. Ao contrário da escola eu era disputado a tapas para algum trabalho de improvisação ou exercícios de aula, muitos admiravam minha coragem, minha inteligência criativa e meu humor. Eu posso dizer tranquilamente que só comecei a fazer amigos depois dos meus 16 anos, e graças ao teatro.

Talvez a tendência fosse a de “abrir as pernas”, deixar que qualquer pessoa entrasse na minha vida, mas aconteceu justamente o contrário. O Max perdeu o ar frágil, aprendeu a se defender e passou a fazer bom uso da voz (agora) grave, estabelecendo regras rigorosas para qualquer tipo de relação de proximidade.

Arrogância minha? Talvez. Dramático demais? Certamente sim, vindo de mim. Acho que simplesmente, depois de passar anos sendo deixado de lado, acabei me acostumando a ficar sozinho, e hoje escolho em que degrau qualquer pessoa pode alcançar numa escala de proximidade comigo.

Por fora eu sou a pessoa mais easy going possível, abraço todo mundo, sou muito querido e tenho no mínimo muito respeito por todos. Olhando mais de perto posso ser bastante complicado.

Tenho amigos que eram irmãos, mas perdemos um pouco a sintonia, os interesses não parecem mais os mesmos. O sentimento permanece intacto, mas não temos mais tanto em comum.

Tenho amigos que às vezes parecem amigos, outras simplesmente um passa-tempo. Vou observando, levando em conta que as pessoas são diferentes, me fazendo de surdo, cego e burro, dando os sinais. Dizer que é amizade para a vida toda, não sei dizer...

Já deixei amigos para trás, não segurei a onda de uma situação que, pra mim, foi traição. Fui muito criticado, acho que não pensei em toda uma “estrutura” que tínhamos que foi abalada. Perdão a todos os envolvidos, mas já presenciei prédios maiores serem derrubados, inclusive em cima da minha cabeça, sobrevive-se.

Ainda tenho dúvidas, sinto falta, mas quando as pessoas são tão fechadas fica difícil saber com quem estou lidando. Arrisquei-me por tempo demais, bastou MAIS UMA derrapada pra eu não deixar passar.

Acho BÁSICO termos amigos, devo muito a alguns que tenho, ou que já passaram pela minha vida. Faz tempo que perdi essa coisa de “amigos para sempre”, acho que fui congelando por dentro, não sei se o meu problema é esperar demais, criar grandes expectativas, não sei mesmo.

Realista que sou (ou dramático...) gosto de conhecer as pessoas, procuro respeitar a todas, vou tentando amadurecer e afrouxar a armadura, mas como sempre vou tentando ser MEU melhor amigo...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

TV - Escola de infames ou Espelho da realidade?


Os ciclos da vida são bem confusos, primeiro nascemos de forma violenta, somos retirados de um lugar quente e confortável e somos jogados na claridade, no barulho, na loucura do mundo... Depois somos tratados como porcelana, com todo o carinho, livres para dormirmos o quanto quisermos, espernearmos quando queremos algo, e nunca somos repreendidos por isso! Quando vamos crescendo somos forçados a repetir palavras, nosso dialeto do gugu dádá não serve mais, somos condicionados a rotinas, e as regras vão entrando na nossa vida, mal sabemos que... Para ficar. Aprendemos que o "errado" causa dor, machuca... Depois, com total crueldade deparamos com as punições, você pode levar um choque, morrer, ir pra cadeia...

Mas eu queria falar mesmo era da TV, nossa terceira educadora, depois dos nossos pais e da escola, uma criadora de zumbis, de idiotas, um alimento para a alma dos fracassados, ou simplesmente um entretenimento de primeira!

Como todos os educadores é confusa, contraditória. As religiões são assim, todo mundo respeita a Bíblia, por exemplo, mas poucos realmente se deram ao trabalho de realmente entendê-la... O sistema penitenciário foi a solução encontrada pela nossa sociedade para a correção de desajustados, mas converteu-se em um lugar de tortura, estupros, violência física e mental em pessoas perturbadas.

Essa semana zapeava na TV quando passei pelo programa da Oprah, acho que o tema era sobre educação, assisti uns 3 minutos, honestamente acho aquelas mulheres tão estranhas, meio "Esposas de Stepford"... Uma especialista falava que os pais deveriam praticar uma espécie de jogo com os filhos menores, do tipo "Vamos fazer uma lista das coisas boas que temos e que devemos agradecer todos os dias!", ou então "Que tal se todos os dias antes de dormir escrevessemos 10 coisas produtivas que aconteceram no dia de hoje?"

Não sei, acho tudo meio estranho, mesmo as soluções encontradas pela Supernanny me parecem meio bizarras... "Cantinho do castigo?", come on! Eu me lembro de como eu era quando criança, e era muito mais esperto do que isso.

Mas tem aparecido uns programas para adultos tão interessantes, e inclusive acho até uma surpresa que tenham saído da cabeça de americanos, sempre tão hipócritas e sonsos.

Olha, adoro "Sex and the city", mas convenhamos que não teria o mesmo glamour se Carrie tivesse que pular os mendigos, que " dominam" as ruas do Rio de Janeiro, carregando sacolas de compras da Dior, Gucci ou Manolo. É como em novelas da Globo, o povão ADORA, porque os ricos estão sempre belíssimos em seus apartamentos no Leblon, e os pobres não falam de falta de dinheiro, emprego frustrante ou ônibus cheio, é tudo alegria e samba!

Acompanhei as 2 temporadas de "Dexter", uma série sobre um psicopata criado por um policial, condicionado a SOMENTE dar vazão aos seus instintos assassinos quando a vítima for realmente filha da puta. Esse Dexter cresce, vai trabalhar com a policia e vai seguindo os ensinamentos do seu pai, relaciona-se com uma moça (mesmo não tendo sentimentos por ela, ou por ninguém, nem tesão), sai pra beber com os amigos do trabalho (achando tudo um tédio), tudo parte de um plano controlado de não chamar a atenção... Acho brilhante! O mais engraçado é que o personagem virou ídolo dos americanos, mesmo aparecendo em todos os episódios retalhando gente e jogando o cadáver no mar. Vai entender...

"Weeds" é uma delicia também, bem mais leve. Uma dona-de-casa, interpretada pela ótima Mary-Louise Parker vê-se perdida, sem condições de sustentar sua familia. Solução: Envolve-se com traficantes e torna-se fornecedora de Maconha. Mais uma vez os americanos me surpreendem, até porque ela não é punida, não é vista com uma vilã, é simplesmente uma pessoa desesperada tentando dar uma vida digna para os filhos.

A nova (tô louco pra assistir) "Secret diary of a call girl" é sobre uma jovem da classe média que torna-se prostituta. Aguardo algo fora do esteriótipo, do dramalhão... Simplesmente uma boa história pra se acompanhar e pensar.

Tem uma adolescente chamada "Skin" que parece também ser bem interessante, são adolescentes de todos os tipos: O gay assumido, a bulimica, o muçulmano que estuda nos Estados Unidos, e muito sexo, um personagem recorrente na série, assim eu li.

Não perco muito tempo com TV (eu sei, nem parece...), se bem que transferi esse vicio para o computador, mas prefiro sinceramente acompanhar personagens complexos, histórias que poderiam ser reais sobre gente de verdade mesmo. Ah, lógico que adoro acompanhar as fofocas dos astros gringos também, sou fútil e assumo!

Aprendo com documentários, adoro inclusive, mas me educo com meus próprios pensamentos, porque a TV acaba sendo tão confusa quanto nossos pais educadores, ou nossos professores, chefes, amores...

Ih, confundiu tudo! Alguém me explica?

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Comédia nada romantica

Andei revendo minhas postagens anteriores e notei que sempre acabo caindo em análises e/ou interpretações dos equivocos que cometemos quando estamos mais sensíveis. É interessante como as pessoas que passam pelas nossas vidas se transformam quando o "encanto acaba", como recorremos a eufemismos para justificarmos todos os sinais que recebemos nos momentos das nossas... Infelizes burradas.

Nada melhor do que estarmos totalmente sóbrios para relembrarmos, porque "Recordar é viver!"... Thanks God não é "RE-viver".

Pessoas desinteressadas tornam-se... Desligadas, ou ocupadíssimas! Você deve respeitar o espaço de cada um, existem diferentes prioridades na vida! Concordo plenamente, mas digamos que esse é um álibi perfeito para se "ir levando" um desavisado.

Os frios passamos a enxergar como fechados, pessoas mais centradas, introspectivas. Não que não existam, por favor não radicalizo! Mas James Dean fez escola. Quando não se tem o que dizer, é fácil falsear com aquela cara de rebelde melancólico. Uma palavra... Booooring! E sim, James Dean era O cara.

Os inconvenientes sem-noção são simplesmente... Pessoas "espirituosas"! Sim sim, bêbados são ótimos até vomitarem em cima da gente, right? Esses tipos geralmente nos mordem, praticam sucção indesejada em áreas expostas do nosso corpo, enfiam a mão por dentro da nossa roupa nos primeiros 10 segundos de beijo, na frente de todo mundo, são excessivamente intimos dos nossos amigos e nos atribuem apelidos fofos em tempo recorde. A lista é interminável!

Os péssimos de cama são inexperientes, ou então um motivo ridiculo... "Nossos estilos não combinam, just a matter of adjustment!" Tá, questão pessoal, mas saber diferenciar um problema de química com a total inabilidade de um ser em fazer sexo é uma questão primária, e primordial! Mas a gente se engana a beça, ou se contenta... Acreditem (ah, vocês sabem...), tem gente que NÃO nasceu pra coisa.

Fora aqueles que se dizem tão refinados, sofisticados, com aquele discurso de estarem acima da média, mas que se mostram absolutos babacas egoistas, e extremamente mal-educados! Nossa, esses tipos existem aos montes.

Fica dificil conhecer alguém sem desconfianças, mas pelo menos eu tenho tomado um cuidado maior em analisar as atitudes das pessoas, como já disse os sinais nos são mostrados o tempo inteiro, ontem ria com uma amiga lembrando dos absurdos da minha última investida, juro que fiquei constrangido pela minha cegueira. Enfim, pelo menos hoje virou motivo de piada.

Eu, particularmente, tenho sorte em ter um parâmetro, sei exatamente o que quero, o que acho que mereço, já conheci alguém assim...

Burradas por burradas cometemos aos montes, principalmente neste campo afetivo, mas aprender com elas, é essencial! Porque o que tem de gente "rasa" por aí, não é brincadeira...

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Chic for 2

É fogo, é só estarmos com a bola um pouco mais murcha (means, baixa auto-estima e/ou carência afetiva) para perdermos um pouco o critério, esticarmos a mão pra (quase) qualquer um. O pior é que normalmente só nos damos conta quando é tarde demais pra sair correndo, até porque é dificil adivinhar, tem muito principe por aí pior do que sapo, e princesas com TPM's insuportáveis!

Livros de etiqueta vendem aos montes, mas a coisa geralmente fica na sala e na mesa, no máximo discretamente passa pela cama. Sim, existe um manual de etiqueta na cama, e eu particularmente acho que alguns "conceitos" são ainda mais importantes do que saber que talheres usar numa refeição. Sem maiores pretensões divido com vocês algumas experiências e dicas, porque chique a 2 não é só abrir a porta do carro.

. Nem em começo, nem em meio, nem em final de relação... Cabelos, pêlos... Evite ao máximo em sabonetes. E não é um jogo divertido tentar adivinhar sua procedência. Disgusting!

. Beijos muitos molhados logo de manhã é complicado, mas fugir de um beijinho de bom dia é desagradável, parece que os 2 custuraram a boca. Namorado (a) chique tem sempre camisinha, caixa cheia de Kleenex e balinhas do lado da cama. Sinta-se a vontade com o seu amor, depois todo mundo lava o rostinho e escova os dentes.

. Vão me matar por essa... Hálito de cigarro! Pasta de dente, refrescante bucal, balinhas... Nunca deixe para o acaso, planeje-se, faça estoques.

. Intolerância com namorado(a) fumante. Lógico que deve partir da outra parte a delicadeza de não fumar na sua cara se você não fuma, abrir as janelas, fumar na varanda, sei lá! Mas às vezes não custa encarar uma fumacinha só pra ficar mais juntinho, né?

. Mordidas e sucções (tô sendo educadinho) em partes visiveis do corpo. E sim, é péssimo trabalhar de gola rolê no verão...

. Para os rapazes, beber muito e passar aqueele constrangimento...

. Nr. 2 não existe, é invenção! Não entrarei em detalhes, mas existem "N" truques para passar despercebido, às vezes quase.

. Tomar banho a 2 é MUITO bom! Mas nem sempre...

. Palavreado de filme pornô de quinta! Sujeiras são válidas quando se tem intimidade, mas tente ser original e espontâneo, pleease! Ah, e tudo tem hora pra acabar. "That's it my bitch!" na frente dos amigos, não é muito legal...

. Convidar pra dormir junto e... SÓ dormir. Ok, da próxima avisa que é festa do pijama que levo meu ursinho e o pijama de bolinhas!

. Chamar de nenê na hora que você quer receber um Oscar de best fucker of the year! Minha geente, temos olhos, mãos, respiração pra falar... Pra que introduzir maiores diálogos!
. Se você é o convidado, saber a hora certa de se retirar. Se você é o anfitrião, saber como propôr que a pessoa... Saia. É dificil, quase uma arte.

Ok, agora esqueça e tudo e vá ser feliz!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Ansiedade, o parafuso solto...

O coração dispara, a mão sua, você fica inquieto e anda de um lado para o outro sem conseguir se concentrar em nada, a vista fica embaçada e você sente como se o seu corpo fosse explodir a qualquer momento. Quando você sucumbe a este estado faz aquela ligação desnecessária, uma péssima prova, declara-se descordenadamente, bota tudo a perder... Não, não estou falando de paixão, mas sobre ANSIEDADE.

Ansiedade gera compulsão, exagero, perda momentânea da razão... E frustração. É como se o corpo agisse simplesmente por instinto, você esquece que é racional e começa a agir como um completo idiota.
Sou e sempre fui ansioso, nunca tomei nenhum tipo de medicamento, mas já me vi descontrolado, querendo comer as paredes, fumando até doer o pulmão, bebendo demais, falando e falando... E tudo ao mesmo tempo!

Abracei alguns vícios na fuga da minha ansiedade, nunca consegui me dedicar a atividades terapeuticas como Yoga e afins, pra mim o que funcionava era o oposto, o radical, o intenso. Já me tranquei em academia de ginástica emendando atividades como musculação pesada, jump, spinning, running... A ponto de professores perguntarem se estou bem. A onda era suar muito, sentir os músculos doerem, ultrapassar meus limites.

No momento estou em "tratamento", uma experiência comigo mesmo num momento mais focado, em contato comigo mesmo. Pratico exercicios regularmente, estou controlando minha alimentação, parei de fumar e de beber.

Sim, já me perguntaram se vou virar monge, mas não é o caso. Tenho buscado meu equilibrio em coisas saudáveis, e estou determinado a me livrar dos meus vícios, tarefa árdua diga-se de passagem.

O cigarro são 11 anos, assim como a bebida, em segundo lugar, a comida (nem tanto, a vaidade me freia), as noites de caça me trouxeram alguns estágios: deslumbramento, decepção, aceitação, vazio... E só! Estou deixando isso de lado também.

Falando assim pareço uma pessoa perturbada, a ponto de ser internada, mas você que está lendo já se perguntou se não tem os mesmos vícios? O tempo está passando rápido demais, as pessoas mal escutam o que dizemos, estamos cada vez mais sozinhos e tudo parece virtual, mesmo quando não estamos na frente de um computador.

Cobaia da minha própria experiência resolvi parar meu tempo, me escutar e escutar as pessoas.

Não diria viver com responsabilidade, ou me tornar um careta ou um monge... Meu objetivo é saborear outros gostos ainda não sentidos... Porque de nicotina, alcool e outras coisas não publicáveis, JÁ DEU.

Acho sexy...

. Cabelo molhado, cheiro de sabonete e toalha branca...
. Voz rouca
. Olhos no olhos
. Beijos que são melhores do que sexo...
. Pegada na nuca
. Mãos dadas em lugar cheio, tipo "é meu"
. Ligar só pra dizer "boa noite" depois do primeiro encontro
. Conhecedores de boa música
. Gente que cozinha! Ainda mais quando é pra mim
. Horas de conversa sem perceber o tempo passar...
. Ser agarrado logo de manhã...
. Banho a 2! Beijo molhado é o que há!
. Cabelo despenteado de manhã (depende...)
. Gente perfumada na medida certa
. Beijo no pescoço...
. Jeans e camiseta
. Gente que se cuida, mas que deixa de malhar só pra me ver
. Pele com pele
. Massagem (adoro fazer!)
. Vinhoooo...
. Saber tirar a roupa...
. Escrever bem... Falar bem...
. Senso de humor
. Mãos e pés bem cuidados
. Estar por perto mesmo estando longe...
. Cafuné
. Nariz com personalidade

Se você conhece alguém mais ou menos assim, me apresente, ok?

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Dr. Jekyll ou Mr. Hyde?

Já sentiu seu lado obscuro hoje?
O Médico e o Monstro (título original em inglês: The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde) é o nome do famoso livro do escocês Robert Louis Stevenson publicado em 1886, que por meio da metáfora propõe uma reflexão da natureza mais sombria do homem. Anos mais tarde, Stephen King define a obra de Stevenson como um exemplo da mitologia do lobisomem, "o conflito pagão entre o potencial apolíneo do homem e seus desejos dionisíacos".

A cultura deu diversos nomes, várias justificativas, intelectualizou e inclusive justifica a barbárie com a terminologia jurídica, homicidio doloso, culposo, tentado, consumado (corrijam-me os advogados). A própria palavra "Barbárie" é uma criação cultural, assim como "Genocidio", "Holocausto", "Massacre". Mesmo Freud tinha uma visão (inclusive radical) da maldade humana, defendia que o ser-humano era intrinsecamente mal.

Nos textos Totem e Tabu (1912) e O mal-estar na civilização (1930), Freud enfatiza a articulação entre desejo e culpa, levando-nos a pensar no eterno ciclo da repetição e na relação entre frustração, culpa e proibição.


No cinema já "assistimos" o duelo entre os Jedis, pertencentes a um ordem de guerreiros que dominam o lado "luminoso" da força, em contraposição aos Sith, o lado "negro" da força. Mesmo no universo fictício de Star Wars, criado por George Lucas, existe o embate do bem contra o mal, e do bem resistindo às tentações desse lado sombrio e perverso.

Eu poderia citar centenas de exemplos, mas meu ponto aqui é outro, até porque já escrevi sobre tema semelhante (MAU, 19-08), mas a minha pergunta inicial não foi esquecida, quando você sentiu seu lado sombrio pela última vez?

Desde a adolescência sempre tive fascínio por uma literatura mais sombria, em especial pelo universo dos vampiros. Eu lia de tudo, desde a literatura adolescente da coleção O Pequeno Vampiro, da alemã Angela Sommer-Bodenburg até os sanguinários de Anne Rice. Até hoje mantenho o hábito de usar roupas negras, e ADORO! Me identificava com aquela solidão, aquela sensação de que havia tempo demais pela frente, olhar no espelho e não enxergar nadica de nada. Através dos vampiros me deparei com estes seres verdadeiros, que assumem suas perversões, que aceitam suas limitações, que são poderosíssimos, mas ao mesmo tempo absolutamente vulneráveis. Seriam os vampiros um retrato sincero do que somos?

Eu exercito regularmente meu lado sombrio, não me esforço em parecer alguém sempre bonzinho e bonitinho, acho um tédio inclusive. Fui condicionado (ou educado) a não querer o que é do outro, a controlar minha inveja, a ser rejeitado e simplesmente esquecer, deixar passar. Lógico que tenho uma natureza privilegiada, e me guio também pela minha inteligência. Não quero o que é SEU, simplesmente porque não é MEU, conquisto as pessoas sendo quem sou, porque teria preguiça em ser charming em todos os momentos da minha vida, não curto traição, porque conheço a dor de ser traido, e não acho gostoso.

Depois de abrir meu coração para uma desilusão amorosa (que meio que me motivou a começar a escrever o blog), e de me arrebentar mais uma vez, by the way, poderia ter entrado numas de começar a jogar também, coisa que eu sei fazer muito bem. Seria fácil pra mim dissimular, enganar, colocar qualquer um nas minhas mãos, pra depois chutar, seja numa amizade ou num caso amoroso. Sim, eu tive excelentes professores, e esquecendo a censura, o "bom senso", tenho toda a técnica, todos temos.

Acontece que não quero, não tô interessado. A certeza que tenho é que isso atrasa, seria andar pra trás, e não tenho mais tempo a perder com revoltas tolas.

O lado sombrio me lembra noite, lembra me machucar antes de machucar qualquer pessoa, me colocar em situações que me agridem. Isso é sombrio, é me deixar esvaziar, sofrer artisticamente, me fazer de vitima.

Não sei, não estou certo que seja uma questão de escolher um lado, como nos filmes. Não somos vampiros, uma metáfora do homem perdido na sua própria escuridão, temos o completo controle das nossas ações, sem medo do sol, sem ânsia de sangue. É escolher entre contemplar... Ou viver a vida que você escolher. Sim, fiquei com a segunda opção, mesmo adorando usar preto e sendo naturalmente pálido...

sábado, 26 de julho de 2008

Colecionador de olhos

Uma amiga comentou recentemente que em cada foto minha pareço uma pessoa completamente diferente, me lembrei de outras pessoas comentando o mesmo e fiquei curioso. Tá certo que eu me canso muito do espelho, e acabo ficando careca, cabeludo, barbudo, cara de nenê... Mudo toda hora! Mas não acho que seja só isso.

Um lover do passado, muito observador por sinal, me disse uma vez que não uso máscaras, mas que tenho diversos olhos, "Olhos de Max". Achei engraçadíssimo na época, achei que tava tirando onda com a minha cara. Hoje até vejo algum sentido.
Não vou entrar naquela cafonice de que "os olhos são o espelho da alma", mas sempre achei que meus olhos diziam muito mais do que eu gostaria. Mesmo quando eu me fecho, o que acontece regularmente, meus olhos acabam me entregando. Eu chego a perceber, é terrível! Vontade de meter um sunglasses na cara e/ou sumir!

Tenho momentos de olhos de bebezinho, o que inclusive sempre detestei! Os mais românticos dizem que são olhos de ursinho, de carente, de bebê chorão, até de bobo eu já fui chamado. Acho que "faço" esses olhos quando tô tranquilo, na minha, quando esqueço minha armadura em casa. É uma lindeza, um homem enorme com olhinhos de ternura. Irrrc!

Em contraponto ao "fofismo" eu também tenho meus olhos de "pegador", isso quando os meus hormônios ebulem, normalmente depois da meia-noite, às vezes antes do meio-dia, dificil prever. Quem conhece sabe que eu não desvio olhar, que eu olho lá no fundo, que falo indecências sem abrir a boca. Ai ai... Olhos de putão mesmo!
Tenho meus olhos tristes também, que são bem diferentes dos olhos de bebezinho, e me sinto muito vulnerável assim. Me utilizei desses olhos não faz muito tempo, e o pior é que todos percebem, destoa demais! São meus olhos de chorar sem derramar lágrimas... Geralmente me dá uma tristeza imensa por dentro, misturada com revolta, com entrega... Eu meio que curto esse momento, mas odeio quando é em público, me sinto despido em lugar impróprio.

Um amigo outro dia se assustou com os meus "Olhos de fogo", quando eu tô fulo da vida. Geralmente com pessoas, e acontece poucas vezes, Graças a Deus! Sabe quando você sente gosto de sangue na boca e se vê tranquilamente esganando alguém com as próprias mãos? Não? Pois é, eu sei! Nessas horas minha lingua fica perigosa, meu discurso fica mais carregado e eu cresço uns 5 centimentros, tranquilamente. Não recomendo estar perto de mim nesses momentos...

Parece até que sou dissimulado e cheio de máscaras, mas a verdade é que acabo externalizado meus sentimentos dessa forma, não tem muito jeito. O pior é quando me sinto vulnerável, quando quero esconder que sim, que "tô ligando", e não consigo. Óbvio que tem losers que não enxergam essas nuances. E gente assim só quero esbarrando mesmo, e ponto.

Pois é, acho que voltamos aos olhos, "espelhos da alma". Mas eu levaria isso adiante. Pelos olhos eu mapeio o caminho pro meu coração. Quem sabe ler, vai fundo, quem não sabe conhece o pior dos meus olhos... Os olhos de absoluta indiferença.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Crash

Nossa, depois de 2 textos sobre relacionamentos EU mesmo preciso de algo mais leve, senão vai ser um "corta pulso" em cadeia!

Eu sempre quis ser aquele tipo modelão, todo elegante, descolado, seguro... Deus me deu a altura e o porte, meio caminho andado, o diabo me temperou com o "mau jeito de ser", vamos chamar assim, e me explico.

Óbvio que depois de anos praticando eu consigo entrar numa loja de porcelanas ou artigos de vidro sem maiores destruições, fora que não esbarro em ninguém na noite quando tô mais altinho, e controlo bem mais minha lingua, que é tão rapida quanto meus pensamentos, e mais ágil ainda que minha censura.

Tudo começou quando eu ainda era um fedelho descontrolado, que tinha fascinio por fogo, e já quase pôs fogo na casa algumas vezes, fora quando conseguia cair de cara no chão no primeiro passeio de Walk Machine, atravessar de peito toda a pista de patinação de gelo do Barra Shopping ou mergulhar acidentalmente na piscina de casa em dia de festa.

Fui crescendo e de baixinho e gordinho me converti em um magrelo altão, todo esquisito. Eu não sabia lidar com a altura nem com o volume do vozeirão de trovão, então era um tal de me estabacar ou fazer comentários impróprios em alto e bom som (do tipo comentar de alguém na rua e a pessoa escutar). O lindo foi um professor que um dia parou de escrever no quadro-negro e virou possesso "Você me chamou de viado Max?". A sorte é que minha rapidez em fazer merda também funciona quando tenho que salvar minha pele "Não, jamáis, eu estava comentando do meu irmão". Sim, o cinismo já estava aflorando nessa época.

Eu nunca fui de ser aqueles bêbados chatos não, acho que de tanto me policiar aprendi que meu tamanho transforma qualquer pequeno transtorno em catástrofe, então eu não esbarro em ninguém, sou delicado e educado, quase aquele modelão que eu queria ser, quase. O pior momento de night foi quando estava com amigos numa boate que não existe mais, ainda começo de noite, e quase no meio da pista tinha uma mesa de vidro linda, com uma iluminação especial, muito bacaninha... Tanto que eu resolvi subir na mesa, confiando seriamente na sua resistência e no poder da minha dieta. Resultado, mesa estilhaçada e Max no chão em estado de choque. Sim, tenho testemunhas desse evento!

Modelão não sei, eu escondo bem minha escoliose e meu pés chatos, mas aprendi a lidar com os braços compridos, os quase 1,90 de altura e a voz de megafone. Não é fácil controlar um homem enorme com temperamento que acompanha o físico, e olha que tem dias que eu quero passar despercebido, IMPOSSÍVEL. Mas sei lá, modelão é meio chato, né? Com tempero é melhor! Pelo menos quem provou aprovou assim...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Amigos do sexo

Já há dias quero escrever sobre esse assunto, até pensei em avisar às pessoas envolvidas que escreveria sobre isso, embora não ache nada demais, não há absolutamente nada que as desabone, muito pelo contrário! A cada dia que passa me surpreendo mais com o ser-humano, abusado que sou vou tentando me adequar, experimento novas tendências. Acho que pra ser médico é preciso "estômago" e muita vontade de estudar, advogado o talento do bom discurso, a segurança da palavra... Pra ser amante, quais seriam os pré-requisitos?

Não sei definir se sou um cara tradicional, careta, liberal, prático... Nunca me rotulei. Fui educado com máxima liberdade, não existem tabus pra mim, já realizei quase todas as minhas fantasias, sem traumas... Acabei me tornando aquele que se dispõe a conhecer alguém que valha a pena, quando a química, os assuntos e o corpo me atraem... Mas também aquele que aproveita um momento, ciente de que não haverão telefonemas no dia seguinte, e achando tudo ótimo! As vezes bate, outras não, e ponto. E quem nunca praticou Fast Fuck que atire a primeira pedra!

Descobri de algum tempo pra cá que não era tão descolado assim, existiam ainda outras forma de relacionamentos que eu não conhecia bem, vamos chamá-los de "Relações meio-termo". Pra começar não acredito nessa coisa de relacionamento aberto, aquele discurso de que o sentimento não se mistura com o sexo, que cada coisa é uma coisa. Relacionamento aberto, na minha opinião, é um jogo de interesses de uma só parte. Não entrarei em detalhes, mas lhes asseguro que alguém sempre fica sobrando, e geralmente não muito dignamente. Acho prático ter tudo ao mesmo tempo, LINDO! Você tem seu (sua) companheiro (ra) ali do teu lado, mas quando estiver meio estressadinho (a), porque não dar uma puladinha de cerca, com o total consentimento do seu amor? Muito bem, mas será que é tudo tão colorido assim? Tenho lá minhas dúvidas.

Admiro os fuck buddies, e juro que acho a proposta super válida! Você curte alguém, o sexo é ótimo, mas você também quer estar soltinho por aí, ou está ocupado demais cuidando da sua vida. Qual a solução? Mantenha seu caderninho de telefones (ou msn, como quiser) atualizado com o contato daquele sexo ótimo, da companhia perfeita... Aí é só ligar, e você não vai ter aquela surpresa dos blind dates, você já conhece a pessoa, o sexo é sempre gostoso! É diversão certa, sem maiores constrangimentos.

Tenho uma amizade assim, uma pessoa muito querida, inteligentíssima, agradável e honesta comigo todo o tempo. Nossos momentos são sempre excelentes, regados a boa comida, boa bebida, música, papo, preliminares perfeitas desde o toque da campainha, ainda nos damos ao luxo de dormirmos abraçadinhos. Achou perfeito? Mas é perfeito, com hora pra começar e pra acabar. Não existem telefonemas no dia seguinte, sem expectativas, sem olhos nos olhos, tudo absolutamente controlado.

Eu confesso seriamente que no inicio estranhei, como já disse pra mim não existia essa continuidade do contato se não houvesse o interesse em se desenrolar em algo mais... Mas essa é a tendência, e ainda me acostumo, sem preconceitos.

Parece frio? Sim, mas na vida a gente acaba se adaptando a tudo, é aproveitar o momento, lógico que se respeitando sempre, essa é a dica que eu dou. E vou ser totalmente sincero, não é sempre que estou disposto, tenho que estar totalmente sereno e seguro pra embarcar numa dessas.

Eu sei que tenho muito a doar, mas espero a pessoa que realmente mereça esse meu melhor. Com minhas excelentes companhias, minhas amizades especiais eu vivo meu cineminha, sou sempre lindo, cheiroso, inteligente e bom de cama. Mas é depois que o filme acaba que a história realmente começa, não é? Mas isso é bom demais, e deixo pra aqueles que me ligarem no dia seguinte, só pra me ouvir dizer "Alô".

terça-feira, 22 de julho de 2008

Casamento?

Acordamos tarde hoje, aquele solzinho gostoso entrando pela janela... Ficamos abraçadinhos, beijinhos e beijinhos... Depois do terceiro ensaio pra levantar eu preparei um café e coloquei alguns pães na tostadeira, meio sonâmbulo ainda... Quando voltei pro quarto tava vazio, ouvi o barulho do chuveiro e invadi o boxe. Nos ensaboamos juntos... Bão! A gente só ria no café comentando do velório da Dercy, que ela queria que o corpo acenasse pra multidão durante o cortejo... Irreverente até o fim! Como era folga dos 2 demos uma corridinha na praia, depois alugamos umas cadeiras e ficamos tostando até quase meio-dia... Como sempre levei esporro porque sempre abuso e não passo protetor... Mas eu fiz bico e passou a birra, levei foi um tapão na bunda, quase morri de vergonha, no meio da rua! Almoçamos na rua mesmo, bife, fritas, feijão, arroz, comidinha caseira e engordativa. Depois pegamos um DVD, mas ficamos falando o filme inteiro, depois cochilamos juntos no sofá... Combinavamos a pouco as contabilidades pra comprarmos alguns móveis novos, eu preferia uma viagem, mas ainda estamos trabalhando num meio-termo, senão ficamos nos móveis mesmo. Jantamos na casa da minha mãe, depois de muito falatório (porque minha mãe não pára) fomos pra casa, eu já bocejando. Dormimos quase ao mesmo tempo, juntinhos e quentinhos... Aí eu acordei do sonho.

É, por incrível que pareça eu tenho minha versão de um casamento legal, e já fantasiei com isso várias vezes, acho que todos os dias vou dormir acompanhado, mas acordo sozinho. Não quero ser "o carente", inclusive vivo muito bem sozinho, e entendo de solterisse como ninguém, quem me conhece sabe, mas dizer que não me faz falta é mentira.

Nos tempos dos pais da minha geração pra trás casamento era bem diferente do que vejo hoje em dia. Lógico que existem os casamentos de conveniência, que são praticamente negócios, mas eu fico vendo os poucos casais que continuam juntos e bem, e me bate uma invejinha branca.

Acho que tudo ficou tão rápido que ninguém tem mais tempo de olhar pro lado. As pessoas tentam se comprometer quando estão mais vulneráveis, mas quando ficam numa boa imediatamente pulam pra outro galho. Recentemente fui pedido em casamento num night, lógico que passados 3 dias eu já não era tão bom assim, não valia a pena o esforço.

Eu comentava recentemente com minha mãe que pra você se sentir seguro num relacionamento você tem que ter vivido a experiência de se sentir ÓTIMO sozinho. Eu já passei muito tempo sozinho, já vivi muitos romances de uma noite, já me desiludi até aprender que uma boa noite de sono pode mudar tudo... Você deixa de ser "o homem mais lindo que já conheci" pra "o carinha que eu peguei ontem". Quantas vezes já aconteceu? Nossa, perdi a conta.

Eu já desisti e voltei atrás diversas vezes, cheguei a me tatuar depois de um termino dificil de um casamento que eu queria muito, mas que não rolou, mas hoje fico no aguardo, sem maiores expectativas, mas atento.

Me preparo pra ficar sozinho, mas estou atento pra algo mais sério. O pior é que por mais que eu leia atentamente a sinopse, geralmente levo uma comédia pra casa, às vezes um filme de terror. Será que ainda existem os românticos?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Meninos ricos não choram


O pescoço continua travado depois de uma malhação obsessiva no sábado passado, mas o nível de Ocitocina tá gritando, porque EU MEREÇO! Então Cirque du Soleil, quando irão me contratar?

Ok, intimidades a parte, hoje eu queria falar sobre um assunto que detesto, mas é recorrente na vida de todos nós, o maldito do dinheiro! Não sou louco e jamais moraria numa Choupana no campo com meu grande amor, adoro conforto, coisas boas, viagens... Mas sempre tiver pavor de gente que senta em mesa de bar com um grupo, se diverte horrores, e na hora de pagar a conta saca uma calculadora e consegue um malabarismo (que eu até hoje não entendo) de dividir 7 centavos por 3 pessoas! Sim, conheço gente assim.

Vamos rebobinar a fita (porque isso é retrô) e lembrar do pequeno Max. Eu nasci em berço de ouro, na fase em que meu pai tinha mais grana, morava numa casa com piscina num condominio elegante de Laranjeiras, tinha vários empregados, babás, chofers e 3, 4 carros na garagem. Com 12 anos já recebia minha mesada numa conta bancária destinada a adolescentes, algo como first conta, não me lembro.

Meus fins de semana eram na Região dos Lagos, ou no sitio de Teresópolis, ou então torrando dinheiro no Barra Shopping, era cinema, patinação no gelo, fliperama, kart, uma farra!

Eu não tinha muitos amigos na minha escola de riquinhos, mas minhas festas eram as mais comentadas, e sempre lotadas. Tem 2 momentos que me lembro, e que me envergonham muito, um deles quando fiz meu pai demitir um chofer porque ele não quis abrir a porta pra mim, outra quando entrei numa loja de sapatos e escolhi uns 10 pares de tênis, sem nem olhar o preço. Eu lembro bem que não gostei de nada, mas eu sabia que podia, e fiz meu pai comprar todos.

É estranho, mas eu conheço essa sensação que esses meninos ricos tem de total segurança. Eu não me preocupava, tinha certeza de que era tudo uma questão de apontar e ter, eu estava certo de que nunca passaria dificuldades na vida.

Um belo e inesquecível dia, isso um tempo depois da separação com minha mãe, meu pai fez a lindíssima proposta, ou ficam com a mamãe, ou ficam com o papai... Incluindo o dinheiro, claro.

O mais engraçado é que eu, e os outros irmãos, escolhemos mamãe, apesar de tudo acho que tinhamos um certo feeling de que se a deixassemos sozinha as coisas poderiam ficar muito feias... Hoje temos certeza disso.

Depois disso a torneira aos poucos foi fechando... No começo eram pequenas chantagens, sempre com um discurso do excelente advogado que ele sempre foi, como naquele filme do Al Pacino... Depois simplesmente fomos nos deparando com a realidade, tudo havia mudado. Vimos a bela casa se deteriorar, contas não podiam ser pagas, telefone cortado, chegamos a ter a luz cortada também! Tivemos que sair das escolas caras, do clube, as festas de aniversário passaram a ser mais simples, bem mais simples.

Eu me lembro de não me adaptar facilmente, de dizer coisas pesadas pra minha mãe, de odiar ter que comprar o tênis sem marca.

Com o tempo as coisas foram se ajeitando, hoje em dia conquistei muita coisa com meu próprio esforço, pago meus estudos, aprendi 2 idiomas por minha conta, compro até minhas próprias cuecas, e às vezes me permito me presentear com algo mais cara, mesmo que parcelado.

Não me vejo obcecado por dinheiro, e olha que já tive oportunidades, já houve quem pedisse permissão a minha mãe pra me levar pra estudar na Europa, já tive a chave de carros na minha mão, já frequentei mansões com elevadores no Leblon e coberturas de Ipanema... Mas sempre tive resistência a isso, mesmo quando gostava da pessoa.

Acredito que eu seja um pouco traumatizado, pé atrás. Sei que os olhos brilham quando alguém te oferece algo assim, você se sente especial, amado. Mas muitas vezes, já presenciei isso, e não acho que seja sempre, é uma forma de controle de uma pessoa insegura... Posso estar exagerando, mas numa questão de tempo a gente leva uma "jogada na cara", ou somos discretamente chantageados.

Não acho que seja uma regra, mas me sinto mais seguro com pessoas que estejam correndo atrás, assim como eu, quem sempre teve tudo, não me inspira muita confiança... Eu já fui intimo de alguém assim, eu mesmo.

Se me perguntarem o que me faria feliz hoje em dia eu diria sem pestanejar... Acordar todos os dias com beijo na boca do meu amor, ter meu lugarzinho aconchegante, cheiroso e limpinho, todo do meu jeito, e ter uma tarde inteira com minha familia sem ouvir alguém falar de um problema muito sério. O nome é Paz, e não tem dinheiro que compre.

domingo, 20 de julho de 2008

As time goes by

Primeiro não poderia deixar passar em branco o falecimento da Dercy Gonçalves. Levei um susto quando li a notícia num site, acho que assim como todo mundo eu achava que ela não morria mais. Adorava quando ela dizia que morria quando quisesse, e que não tinha medo da morte porque já tava vivendo no lucro. Brilhante! E vá com Deus Dercy, PORRA!

Mudando de assunto. Eu dei pra isso agora, fico pensando em músicas de referência, looks de referência, tudo pra mim agora é catalogar referências... Afinal, somos resultado de um bando de retalho todo doido e remendado ou não?
No inicio eu tentava imitar meus pais, depois meus irmãos mais velhos. Cheguei até a me inspirar nos meus irmãos mais novos! Irmão do meio é dose, na "pré-aborrecência" eu queria ser descolado como o David, que usava barba cerrada, brinco de cruz a la George Michael e era o mais popular do colégio, mas também queria ser inteligente como o Daniel, que sabia (e ainda sabe) absolutamente tudo sobre cinema! Mas eu também queria meter o terror com os mais novos (que até pouco tempo eu chamava de "as crianças", até me deparar com 3 marmanjos de 20 e poucos), mas eu chamava muito a atenção por ser grandão, fora que não tinha pique pra correr depois de fazer merda.

Fui crescendo no meio mesmo, dividindo essas águas, horas mediando, horas participando ou instigando a porradaria.

Fui crescendo, no teatro aprendi a brincar de ser o que eu quisesse, a filtrar meu temperamento dificil e a ficar seriamente bom em interpretação. Tive um professor de muito anos que me "detectou" no ato, e foi me ensinando a controlar o meu ego, isso sem eu saber. Eu sabia que era bom, ele também, e até hoje tenho meus diários de ensaios e aulas, quando meu principal objetivo era deixar ele louco comigo! Eu queria que ele reconhecesse o quanto eu era bom, ele simplesmente era blasé. Valeu Ricardo, thanks you não fui engolido pelo meu ego.

Por incrivel que pareça passei meus 16 anos em casa, escondendo minhas espinhas, lendo 5 livros por semana ou entretido assistindo todo tipo de filme possível. Sem querer eu adorava os filmes antigos, aquele climão de Hitchcock, aquele moço bonito com cara de triste, mas cheio de atitude, o tal do James Dean, aquelas mulheres que sempre sabiam o que dizer, e que acordavam belissimas.

Acho que sempre quis que a minha vida fosse um daqueles filmes, eu queria ser aqueles homens e aquelas mulheres, achava tudo aquilo mágico, e mais bonito do que tudo ao meu redor. Até hoje tento me enxergar num filme antigo, mas tenho me permitido também os exageros e as trapalhadas de uma boa comédia romântica.

Bom, eu já levei um pouco do cinema pra minha vida, já dancei na chuva, já chorei numa despedida no aeroporto, já pedi uma dose de Vodca pura num balcão de bar (bom, isso algumas muitas vezes...), já disse que odiava alguém que amo aos berros, já beijei olhando nos olhos, querendo aquele momento pra sempre, já dormi soluçando e embriagado de tristeza... Nossa, foi dramático isso!

Acho que nem sequer cresci... Encorpei, e não tenho mais espinhas, mas continuo sendo aquele menino, que se arrepia até hoje quando ET e Elliot voam de bicicleta por cima dos policiais, ou quando Rick se despede da linda Ilsa no aeroporto de Casablanca... Fica sempre aquela deliciosa sensação de "Ai ai... Coisa dos filmes..."