domingo, 20 de dezembro de 2009

A dificil arte de... viver

E depois de muitos meses eu tento voltar a escrever. Eu cheguei a esboçar várias linhas, mas eu decidi não postar nadica de nada, foi um periodo tão complicado da minha vida que achei que se publicasse minhas impressões dos momentos seria interditado pela familia, seriamente. Viajei. Olha, mas eu viajei muito, foram 24 países em 12 meses, alguns lugares dos meus sonhos, outros que eu nunca sonharia em conhecer, mas todos me trazem lembranças para o resto da minha vida. Não vou nem entrar no mérito da questão cultural, hoje tenho absoluta certeza de que a experiência de viajar DEVE ser vivenciada por todos, é impressionante como a visão de mundo muda completamente, e principalmente a noção de ser-humano, uma das personagens mais presentes nessas minhas andanças por tudo o que é canto.
Na primeira parte dessa minha aventura eu tive que lidar com a saudade de casa, a dificuldade na adaptação, e o tédio. Sim, meus amigos pensam que minha vida era só aventura e glamour, mas no final das contas eu tinha que trabalhar, e muito, administrar dinheiro (muito mal por sinal, não tenho talento para isso), e uma das tarefas mais dificeis, lidar com as pessoas do meu convivio. Na segunda parte, os últimos meses, foram bem diferentes. Confesso que criei uma expectativa enorme, as viagens seriam incriveis, os lugares infinitamente mais ricos culturalmente do que os meus primeiros 6 meses, e as pessoas... Nossa, um capitulo a parte.
Aproveitei ao máximo cada momento, vi tudo o que queria ver, fiz quase tudo o que queria fazer, foram dias de loucura e risco, noites ensolaradas, frio do Báltico terminado com o calor escaldante do deserto, passagens pelo submundo, mas momentos de luxo nos lucares mais sofisticados do mundo. Apesar das minhas crises, nada que me fizesse me descabelar, muito pelo contrário, eu sempre mantive o penteado impecável, eu tive bastante lucidez para sobreviver a alguns dos momentos mais "barra pesada" da minha vida. Contando ninguém acredita, então eu prefiro nem "destrinchar" muito, o que passou passou, e no final das contas em momento algum eu fui traira, ou baixei demais a minha cabeça para os infelizes que andam por aí, ou deixei de escutar e dar meu ombro para os que estavam mais perdidos do que eu. Essa coisa de sagitariano metade homem, metade animal, me dá um baita trabalho... Eu quero viver a vida com sentido, e sou cheio de valores, e tenho essa incapacidade de "fazer jogos", simplesmente eu não consigo, e isso não tem nada a ver com a minha qualidade de ser-humano, acho até que tem muito mais a ver com orgulho, sei lá... Mas por outro lado sou aquele que chega aos 29 anos estabelecendo metas para antes dos 30, como se ultrapassar a "linha dos 30" fosse minha última chance de estar e ser o que eu quero nessa vida.
Me exijo demais, e isso acabou me prejudicando mais uma vez nessa minha experiência, e me fez voltar para casa trazendo, além das lembranças incriveis, uma certa mágoa e frustração. Passando o tempo vou me reencontrando, lembrando que a vida não é uma prova de escola, você não "passa de ano", nem é reprovado, simplesmente passa pelos momentos, às vezes muito atento, às vezes atento até demais, não necessariamente algo produtivo, às vezes completamente relaxado...
Volto para casa, e continuo o mesmo menino sonhador, mas sem deixar de ser o homem que estabelece metas rigorosas, mas vou tentando "separar as estações", acho que foi a maior lição que aprendi nesses últimos 12 meses. É possivel sim sobreviver no meio dos leões, e não tem outro jeito, as contas devem ser pagas, mas muitas coisas que passam pelas nossas cabeças devem permanecer por lá, porque fazer do mundo um ringue de porradaria é uma grande perda de tempo.
Ainda me adapto, ainda tenho pesadelos, não me arrependo de absolutamente nada, porque de nada adianta, voltar no tempo eu não posso, então é esperar que eu coloque minhas lições em prática, e me lembre que apesar de parecer lindo, muitos atos de pretenso heroismo são como "socar ponta de facas".
Minhas fotos contam um pouco da minha aventura, e impressionam os amigos, mas além de uma bela quilometragem, eu trago as memórias que vão me levar aos 30 anos como uma pessoa diferente, mesmo que eu não esteja nem perto de onde queira estar.
Mas sabe o que é gostoso demais, é saber que foram somente 12 meses, e que novas aventuras ainda estão por vir. Acho que minha meta, e isso acaba me ajudando a relaxar minha mente acelerada, é viver pelo menos 01 grande aventura por década, uma grande reviravolta que vai bagunçar todo o meu mundo, e me fazer reconstruir tudo de novo. Acho que isso ajuda a colocar nossos pés no chão, e não viver só por viver... Porque isso, eu não quero.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Madrugada de friozinho gostoso, copa da minha cozinha, o indefectivel cigarrinho numa mão e uma caneta na outra. Voltei mais cedo do navio, o que acabou sendo ótimo, eu realmente precisava descansar depois dos 6 meses mais longos da minha vida!
Aguardo ansioso (e surpreso) pela data e navio do próximo contrato. Aliás, surpresos estão todos ao meu redor, porque nunca imaginaram que eu iria querer voltar. Nem eu, pra dizer bem a verdade.
Dificil explicar e não ser mal-interpretado, mas depois de reconhecer todos os sabores da minha vida aqui, estranhamente me deparei com o sentimento de não pertencer mais a essa vida, o que pode soar incrivelmente ingrato e egoísta, o que em partes até não deixa de ser...
Estando de volta me dei conta de que a viagem foi, definitivamente, abrir a "Caixa de Pandora", ou então "Tomar a pilula vermelha"... Me conhecendo bem sei que, apesar dos riscos, não tenho como voltar atrás, não aprendi a lidar com arrependimentos do que deixei de fazer. E ciente de que a nova experiência me trará novos desafios, muito diferentes da primeira vez, sinto-me meio perdido, mas ao mesmo tempo decidido e sereno.
A jornada de auto-conhecimento torna-se algo maior e inesperado. Em algum momento pego um avião para um lugar qualquer, mas sinto que me lanço (ou sou lançado) em decisões que mudarão tudo, e que podem ser a realização da minha vida (ou aparentemente) mas tudo envolve riscos, inclusive o de acordar um belo dia e me sentir absolutamente em casa, longe de casa...

segunda-feira, 16 de março de 2009

SURPRIIISE!

E por essa quem esperava? Aguardo meu voo para Sampa, sinto-me renovado, realizado, ainda meio em choque com os ultimos acontecimentos. Ha 4 dias me sentia quase sufocado de tanto tedio, e contando os segundos, sinal claro de que estava vivendo no automatico, e vida sem diversao pra mim simplesmente e um crime!
Mudanca de navio, passagem pela terrinha, viagem pela Europa! A mudanca chacoalha minha vida, da uma virada na trama, me joga no desconhecido, porem familiar. Deixo mais uma vez meus amigos para tras, mas me sinto muito bem acompanhado.
Evito a previsao e decido meu futuro, positivo de que o melhor me aguarda, porque quero que seja assim, e ponto!
O trabalho nem e mais tao pesado assim, as atitudes babacas cada vez me afetam menos, a saudade se transforma em algo novo, torna-se algo doce.
Aguardo o voo para o meu proximo passo, e me sinto pronto para isso.
O Grandeur of the Seas ficou para o passado, mas JAMAIS sera esquecido, arrependimentos zero, ate uma saudade e um carinho inesperado por esse pai, que me acolheu, mas tambem me ensinou muito, muitas vezes com mao pesada, mas nada que eu nao pudesse aguentar.
Splendour of the Seas, here I go!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

7 semanas

Depois de amanha completo 4 meses de navio, 4 dos mais longos e intensos da minha vida, diga-se de passagem, e novas "caraminholas" passam pela minha cabeca. Em 2 meses volto pra casa, e sorrio sempre que penso nisso, mas sera que pelas razoes que tenho me convencido a acreditar, ou sera que estou tao "saltitante" simplesmente porque quero muito sair daqui?
Nao sei se internalizei muito as coisas pelas quais passei por aqui e acabei "traumatizando" essa que, de acordo com meus planos, seria uma experiencia riquissima na minha vida. Em parte acredito que sim, me concentrei demais no conceito do que isso significa para a minha vida, mas acaba que vim mais perdido do que "cego em tiroteiro".
Fugir e o que me ocorre de imediato, sair de casa, provar para mim, provar para os outros, etc. Dinheiro? Bobagem, nunca liguei para isso! Mas agora me veio a cabeca, o que eu estou realmente levando para casa? O que esperar da minha volta?
Missao cumprida, orgulho? Isso passa rapido. Respeito por parte da familia? Sei que basta um pequeno deslize para que o meu "grande feito" seja esquecido, fora o tempo, que se encarrega disso.
Na verdade eu tenho receio de voltar a "estaca zero", voltar a ser o mesmo Max de antes, deslocado no ambiente familiar, nos empregos estupidos, nos estudos indecisos, na vida amorosa de merda...
Confesso que me vejo voltando como o bom menino, o Max melhorado e exemplar para a familia, o cara serio para casar, mas sera que esse "roteiro" nao e muito raso e na verdade nao to simplesmente vibrando num filme previsivel, daqueles bem "pipoca"?
Aqui, sem duvidas, aprendi a sobreviver por minha conta, encontrei e me adapto a independencia que sempre quis, mas encontro o fantasma imprevisivel, o que eu sou de verdade?
Cheguei a pensar que nao sou tao "espirito livre" como pensava, e que, afinal, ironicamente, sou o "garoto familia pra casar".
Ok, sinto falta de casa, mas nao dos problemas que temos, na verdade sinto falta da liberdade que tenho em "casa", que fica evidente pelo ritmo puxado de vida que venho levando por aqui. Tenho receio de perder essa "liberdade" assim que terminar a "lua-de-mel" da minha volta.
Agora me concentro em terminar o que vim fazer por aqui, e definitivamente nao quero mais navios na minha vida, mas me passa agora pela cabeca que tenho muito trabalho quando voltar para casa.
Sei que nao pertenco a isso aqui, nao e pra mim e ponto. Mas afinal, aonde eu pertenco?

sábado, 31 de janeiro de 2009

"Sobrevivido"

Momentos dificeis, justo quando comecava a achar que tudo estava perfeitamente bem, na medida do possivel. O corpo se habituou ao ritmo puxado do trabalho, a mente se ajustou a sintonia do lugar, ate a relacao com as pessoas melhorou muito, finalmente parecemos falar a mesma lingua. Passada a metade do caminho chego a sentir o gostinho de estar em casa novamente, um dos meus maiores incentivos, obviamente adicionado ao sabor da vitoria de alcancar minha meta terminando esta jornada.
A pessoa com melhor me dava, meu anjinho pirado, vai embora em 2 dias. Fico ja com saudades, mas tambem muito orgulhoso. Ontem revimos alguns dos nossos momentos fotografados e me bateu um certo alivio, afinal tambem tive momentos incriveis por aqui.
Passei por muita dor, me senti fraco, ridiculo, completamente desamparado, me vi humano como ha muito tempo nao me via. Dias passaram e estou mais fortalecido, encaros os desafios com um Hercules, e depois de matar os leos que tenho que matar, acendo meu cigarro, fecho os olhos e sorrio, menos um desafio, mais uma vitoria.
O tempo aqui passa diferente, voce encontra pessoas que passam por voce por passar, outras que caminham lado-a-lado, e tambem aqueles que querem passar por cima de voce.
E por aqui as dificuldades sao tao intensas quanto os bons momentos, aproveitados ao maximo, como minha ultima ida ao Mexico (thanks Mabeli, Camila e Richard).
Para finalizar, depois que isso tudo acabar quero minha vida de volta, mas o que gostinho de quem viu o inferno e o paraiso bem de pertinho.
Ah, eu exagero mesmo, e ponto.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Romanticos

Escuto Coldplay "mela cueca" e reviso meus amores num dia calado que parece 1 mes. Ja tive incontaveis amantes, que me fizeram sentir lindo e sedutor por 1 noite, as vezes asqueroso tambem, mas tambem amores que se tornaram "quaisquer" em 1 semana, e aqueles poucos que me marcaram de verdade, inclusive na pele.
Minha natureza sempre repeliu os amores, sou um aventureiro apressado, desconfiado e louco por prazeres imediatos e intensos, muito ansioso para esperar pelo simples prazer de um afago caloroso e familiar de um companheiro, acabo ficando somente com o "mis en scene" (perdao pelo frances talvez equivocado) de estranhos, seguido do inevitavel e estranhamente familiar vazio.
Os amantes imediatos me "alimentavam" como sanduiche apressado encostado em balcao de lanchonete, sinto falta do "sentar a mesa", sentir todos os aromas, tentar adivinhar os ingredientes de cada comida, aceitar ou nao os temperos que nao me apetecem, ser surpreendido, acrescentar meus sabores, sentir o soninho gostoso chegando, rir sozinho dos meus exageros, e repetir o quanto quiser, sem culpa.
Assumo meu brega, afinal nao sou tao descolado assim, me pego imaginando as oportunidades que perdi, mas tambem fantasio que "o melhor esta por vir", assim como temo estupidamente ja ser tarde demais para mim.
Aos 28 anos me acostumei a ficar sozinho, mas logico que fica sempre faltando algo, fico imaginando um rosto, um corpo, o abraco, o calor, fantasiando que alguem esta reservado para mim, por enquanto fervendo por ai, ou quem sabe, nos momentos calados como este, tentando imaginar um rosto, o abraco e o calor, que sao bem parecidos com o meu.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

ChristMAX

Chega o Natal, o mais diferente da minha vida, e tambem quase metade do meu contrato. Comecamos em janeiro com os cruzeiros curtinhos, melhores pra fazer dinheiro e tambem pra correr o tempo. Pelo que me disseram agora o tempo voa, mas depois desacelera quando faltam semanas pra voltar pra casa, mas quem esta contando, certo?

Minha tecnica de sobrevivencia e viver 1 dia de cada vez, aproveitando ao maximo o meu tempo livre, me divertir sempre que possivel, e malhar bastante pra voltar para o Brasil gostosissimo, logico!

O Natal la em casa vai ser diferente tambem, sem o meu humor caracteristico, mas com a presenca do Diego, meu sobrinho novissimo no pedaco.

Meu presente chega em janeiro, diretamente de Cozumel, minha primeira surpresa para quando voltar para casa.

Hoje o trabalho deixa de ser tao penoso, a depre nao e mais tao valorizada, isso porque sei que e passageira, e os novos amigos estao cada vez mais proximos, uma galerinha que eu nunca mais vou esquecer, e sem eles as coisas seriam muito mais dificeis.

E fico por aqui, desejando uma festa de muitas alegrias a todos. Apreciem suas familias e bons amigos, sem moderacao.

Saudades...

2 meses no mar, estresses de trabalho acalmados, 4 kg ganhos (e ja sendo perdidos), passagens por quinhentos lugares diferentes e alucinantes, ja careca de conhecer o navio e seus procedimentos, e entediado.
A rotina chega em qualquer lugar, mesmo na vida cigana, e comeco a buscar no meu dia-a-dia coisas para preencher meu tempo. Priorizo as uteis, construtivas, mas nao descarto as mais simples, como boas e longas horas de sono.
No momento me bate certa carencia mesmo, falta de companhia no final do dia puxado, ou no decorrer do longo dia de PN pra fazer. A ultima coisa que pensei em fazer aqui foi arranjar "sarna pra me cocar", mas vou dizer honestamente que sinto uma falta enorme de assistir filme abracadinho.
A ultima vez que tive isso foi dias antes da minha primeira postagem (la pra baixo), e no final das contas acabou como na maioria das vezes, muito mal.
Tenho a impressao de que quando voltar pra casa vou me casar e passar a escrever mensagens sobre como encontrar sua "alma gemea". Ok, ainda nao foi dessa vez que o navio me enlouqueceu, nao a esse ponto! Brincadeiras a parte, quando nossas "valvulas de escape" sao limitadas nos deparamos com o que realmente temos, nos mesmos, e e um lugar bastante solitario. Sinto falta de colocar minha alma na arte, sinto falta de conversas inspiradas, olhos-nos-olhos, grudadinhos...
E, realmente estou mudando, e muito mais rapido do que imaginava.
PS. Fecho os olhos todos os dias por alguns instantes e me imagino indo pra casa, e como isso e inspirador!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Nao abandonado nem abandonando

2H15 da matina, direto no compu depois de 2h na academia, relaxado, chegando mais uma vez amanha em Puerto Rico, doido pra que acabe logo esse cruzeiro e os proximos de dezembro, a partir de janeiro somente cruzeiros curtos, bem melhor e com mais tempo para descansar.
Passei por uns momentos dificeis por aqui, quase entreguei os pontos, cheguei a me visualizar voltando pra casa, passando o Natal com familia, reencontrando meus amigos, mas sabia que pagaria um preco por sair daqui antes do meu tempo, e "jogadas na cara" nao faltariam. Nada que eu nao pudesse superar, mas ja que cheguei aqui, vou ate o final, nao e nem questao de honra nem nada, e mais um comprometimento pessoal, uma meta.
Nao sabia exatamente como lidar com os problemas que tive, simplesmente problemas com gente tentando pisar em mim e se aproveitando da minha inexperiencia nisso aqui pra me fazer sentir uma merda. No Brasil eu saberia como fazer pra me sentir melhor, simplesmente armaria um berreiro, descia o morro inteeeiro, ia afundar esse navio! Aqui as coisas "estao" um pouco diferentes, e faz parte da minha experiencia nao agir obviamente, avaliar melhor minhas acoes e reacoes.
Com paciencia eu consegui virar o jogo, e me sinto hoje super orgulhoso de mim mesmo! Eu fui engolindo todos os sapos, tava me sentindo pessimo, ia trabalhar todo dia por quase uma semana me sentindo o pior dos seres, super na merda. Ok, esperei, orei (believe me) e me entregaram de bandeja o que eu precisava. Nao quero detalhar aqui pra nao ter problemas, mas basicamente a arma que eu precisava pra me defender veio sozinha a minha mao, e eu fiz o uso corretissimo, inclusive na hora certa... O mais importante, ainda to conduzindo isso, to tao orgulhoso que meu ego deu aquela inflada, mas to ciente e segurando as pontas, me esforcando ainda mais, me preservando e AGORA SIM, voltando a me divertir por aqui.
Ja passei o servico completo para os amigos e pra familia, e como estou feliz comigo mesmo agora, isso aqui esta valendo a pena sim, e nada de abandonar o navio. Oscar Oscar Oscar, NOT!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Happy birthday Max

Primeiro aniversario longe de casa em 28 anos, talvez o primeiro de alguns, quem sabe de muitos, dificil decidir isso agora. E obvio que para quem me conhece ou le o que escrevo sou o tipico sagitariano espontaneo e aventureiro, mas ao mesmo tempo sistematico e calculista, e como e dificil administrar minha metade homem, metade animal, ainda mais num momento em que decidi dar uma guinada na minha vida!
Sei que parece repetitivo (as usual), mas como a gente sente falta das pequenas coisas, mesma aquelas que ja cansamos de reclamar. Foi triste ligar pra casa hoje e falar com a minha avo, sentir a preocupacao na voz dela, ouvir que tem saudades de mim. Nesses momentos eu penso se devo me acostumar a isso ou simplesmente "correr o tempo" para voltar ao "conforto" da minha antiga vida. Ca estou eu sendo sistematico de novo, mas nao tem como evitar. Imagino que o "mais adequado" seria mais um meio-termo, simplesmente transformar isso, fazer realmente valer a pena toda essa distancia chata, e deixar um pouco de lado minhas referencias, correr o risco de me deparar com uma "agradavel surpresa" la na frente.
Estou me acostumando a vida aqui, mas nao exatamente me sinto parte desse lugar. Quem ve minhas fotos de viagens engana-se em enxergar glamur, a realidade e bem diferente. Aqui voce faz business serio, segue regras rigidas e se entrega totalmente aos momentos de liberdade fora do navio, pelo menos e assim para mim.
Teve um dias desses que me vi planejando nao sair em uma ilha do Caribe (que visito a cada 10 dias) para aproveitar para dormir, fazer minha laundy e malhar. Agora ja foi, perdi minha visao do "lado de fora", enxergo minha vida aqui exatamente como ela e. As vezes me pego rindo dos absurdos, do tipo me ver num grupo com 7 nacionalidade diferentes. O mais engracado e pegar elevador aqui, cada um falando sua lingua, uma verdadeira "feira de peixe" multinacional.
Oops, me perdi no raciocionio, mas estou ouvindo agora uma versao da Natasha Bedingfield de "Ray of Light" da Madonna... E amo a sensacao que a musica me passa. And Happy Birthday for me!!
I'll be right back bitches!!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Aprendendo a domar cobras

Depois de uma troca de inspirados depoimentos orkuticos com minha amiga DQ fiquei pensando nos basicos 2 tipos de pessoas que existem no mundo: os possuidores de "luz propria" e os que necessitam da "luz alheia" para sobreviver.

Retifico que nao quero AT ALL entrar no campo de religiao, auto-ajuda ou fisica, talvez um pouco de cada coisa, mas defendendo basicamente o meu ponto-de-vista, baseado na minha percepcao dos fatos, e como isso aqui ficou muito tecnico!

No meu antigo mundinho eu ja tinha superado pelo menos as minhas insegurancas basicas. Vamos colocar assim, ao menos eu sabia que tipo de merda eu era, e que existem diferentes tipos de cores, texturas e cheiros. E VIVA aos bons exemplos que realmente fixam na nossa cabeca!

Nesse novo mundinho pelo qual transito atualmente minhas antigas insegurancas vem a tona, e me sinto meio "like a virgen" em alguns momentos, e pelo menos foi assim no comeco.

Quando voce ingressa num business como esse tem a impressao de que vai encontrar pessoas com o seu perfil, espiritos livres, gente que fugiu do considerado "mundo real" para seguir o seu proprio rumo, dentro das suas proprias regras. Ok, deixando de lado a poesia de propaganda de cigarros, TUDO BESTEIRA, os babacas tambem estao aqui, aos montes!

Se voce e novo, jovem, bonito e talentoso torna-se um alvo facil para os parasitas, e ja vivi isso inumeras vezes na minha vida. Existem aqueles que "gentilmente" pegam emprestada a sua "luz", o que considero uma relacao saudavel, outros tentam desesperadamente rouba-la de voce, mas acabam como copias baratas, risiveis, de dar pena (e nem estou sendo cruel, believe me). Os mais perigosos sao aqueles que se incomodam com o seu talento, mas sao cientes das suas proprias limitacoes, e tentam a qualquer custo TE FUDER, no portugues claro e cristalino.

Eu cheguei aqui timido e receptivo, coracao aberto e preparado para as regras de exercito e pressoes do trabalho, e olha que tirei tudo isso de letra! So nao contava com um covil de cobras... Please, tambem encontrei gente OTIMA, que em menos de 1 mes ja se tornaram amigos de uma vida inteira, incrivel!

Fiquei sinceramente impressionado com a cultura mesquinha e primitiva que reina por aqui. O povinho que trabalha comigo faz a mesmissima coisa ha 2, 3, 6 anos, e alguns se acham o maximo por isso, e fazem questao de revirar os olhinhos ou rirem da gente quando cometemos algum erro.

Mamae me mata, mas nao vou fazer o joguinho de ser amiguinho de cobra nao. Nao consegui ser assim ate os 30, entao larquei de mao. Refinei minha tecnica, transmito a mensagem sutilmente, na subliminar, e adoro ver a carinha dos coitados querendo me matar, acho uma delicia!

Para sobreviver aqui sem perder a personalidade e nao virar comida de tubarao tenho que me manter longe dos coitados, engolir sapos, processa-los e depois arrotar bolhinhas de sabao na cara deles, e ser feliz com o que e com quem vale a pena. Alem de ganhar meu dindin, viajar pra caralho e beber muita Marguerita, Pina Colada e afins em aguas caribenhas... Porque eu posso!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mais causos de um marinheiro de sangue quente

Andei escrevendo umas coisas por ai, geralmente no papel mesmo, para depois entao passar para o compu. Pensei e resolvi nao postar nada daquilo, tava parecendo dramalhao mexicano com pitadas de uma auto-ajuda meio negativa e cinica, misturado com Virginia Wolf mais pitadas freudianas de diva furado. Isso aqui nao nos permite muita psicologia ou literatura, basicamente e business, praticidade, e um bando de gente querendo passar por cima da sua cabeca ou desesperada para se afirmar de alguma forma.

Eu tenho que tomar cuidado pra nao julgar as pessoas pelas suas acoes e reacoes, ate porque e preciso levar-se em consideracao a questao cultural, fora o "estrago"que esse tipo de vida acaba fazendo na cabeca de algumas pessoas, geralmente as de personalidade fraca ou sem personalidade. Minha familia me advertiu antes mesmo que eu saisse do Brasil a controlar meu genio, isso porque sabem como me comporto em relacao a injusticas e a gente babaca tentando pisar em mim, basicamente... NAO ADMITO! E algo organico, me faz bem e ponto. No comecinho aqui fiquei de cabeca baixa e engoli os sapos pensando que fazia parte da experiencia, e olha que engoli VARIOS sapos-boi! Passado algum tempo tenho compreendido melhor a sintonia por aqui, e detectei falta de respeito e povinho mediocre de merda querendo dar uma de boss pra cima de moi, ai o sangue ferveu e o bicho deu uma pegada de leve.
Vontade de avancar nao me faltou, mas simplesmente assumi uma postura mais profissional, como nunca antes, alem da lei de "gritou comigo, gritei contigo". Obviamente me esforco ao maximo aqui pra nao perder a razao, mas ontem mesmo tava ajudando uma colega e levei um "move on" aos berros... Quase saltei do elevador pra jogar ela no mar, mas me resumi a segurar a porta do elevador que estava fechando e dizer em alto e bom som "take it easy honey, I'm not your husband or even your friend!"
O negocio aqui e brabeira em alguns aspectos, ate porque voce tem um supervisor que so pensa na grana pra entrar e uma cia excelente, mas que preza pela sua saude fisica, seguranca e seu direito a nao virar carne para piranhas famintas (rigorosas regras contra harassment), mas no final das contas os pormenores sao por sua conta, aqui nao tem crianca, entrou nessa tem que segurar a onda, ou entao desistir. Os brasileiros tem a fama de desistir facil, isso porque nao estao acostumados com o ritmo pesadissimo do trabalho e tambem, geralmente, nao tem a mesma necessidade de outras culturas, como a de sustentar familia back home.
Eu tenho momentos excelentes, mas tambem ja me senti intimidado e assustado, ja me senti um merda, mas nunca me arrependi de ter vindo, de jeito nenhum! Tive a sorte de ter um irmaozao de cabinmate, de encontrar pessoas queridas que hoje sao minhas amigas, e o azar de me deparar com uma equipe de trabalho negativa, com componentes que vao de uma vadia escandalosa que acha que todo homem tem medo dela (tadinha, comigo morreu de fome...), tem uma robo desequilibrada, uma altamente risonha (nao confio em gente que ri toda hora)... Enfim, to bem na fita pra caralho! Rs
Superando minhas dificuldades, me conhecendo melhor, seguindo as regras e administrando minha nova vida da melhor maneira possivel vou levando, aproveitando o tempo que passa muito rapido, e morrendo de saudades dos meus queridos do Brasil.
Vou ficando por aqui, na promessa pessoal de nao virar a cabeca por aqui, mas JAMAIS perdendo meu maior trunfo, ser exatamente quem eu sou.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

No meio de algum lugar em lugar nenhum

Passaram-se 20 dias desde que deixei o Brasil, e fui deixando algum tempo passar antes de escrever alguma coisa, justamente pra evitar uma verborragia insana e dramatica (well, more than the usual... ) de alguem tentando administrar algumas crises num momento de grandes mudancas. Hoje me sinto sereno, passado o medo e a pressa de que tudo acabasse logo para que eu voltasse a minha antiga vida.
Esses dias andei pensando em como e estupido, e perfeitamente humano, querer voltar ao ponto de partida. Quando tudo se mostra tao diferente nossa vontade e fugir e voltar para o nosso lugarzinho "confortavel", para o aconchego dos nossos velhos habitos. E como emprego novo, mesmo quando voce odiava o antigo, quando comeca o novo fica pensando por alguns momentos em como ja estava acostumado com a rotina do antigo.
Estou quebrando um ciclo de anos, assumindo os riscos das MINHAS decisoes, sendo realmente gente grande e dono do meu nariz, como sempre quis. Parece otimo, so nao tinham me avisado que esse percurso e bastante solitario.
Nao vou dramatizar, ate porque nao me sinto assim, mas e impossivel nao pensar que o mar, atualmente meu lar, e uma grande metafora pra tudo isso.
Sinto imensa saudade do Brasil, dos meus papos de mesas de bar e as noitadas com meus grandes e deliciosos amigos, das brigas em casa, da comidinha da vovo, dos papos com minha mae e grande amiga, mas comeco a me acostumar a uma vida tambem cheia de privilegios, o emprego dos sonhos de muita gente. Isso aqui e meio ilha de Lost, voce esta literalmente fora de sintonia com mundo, mas ao mesmo tempo o mundo inteiro esta aqui. Voce perde algumas coisas do mundo "real", mas adiciona outros improvaveis para um vida "normal".
Fico feliz em perceber que os motivos de comecar a escrever aqui, minhas trapalhadas amorosas e dificuldades em me encaixar no mundo tornaram-se pequenos e distantes. Aqui, ou voce rema ou afunda, nao existe meio-termo. Excessiva disciplina, mas absoluta liberdade.
Bom, melhor do eu esperava, mas mais dificil tambem... E quem foi que disse que eu queria diferente?

20 dias atras

Sentado numa poltrona apertada de um voo da American Airlines, ao lado de um professor universitario de quase 2m de altura (sim, ele puxou assunto, mas logo cortei, nao era meu mood), vou repassando sem maiores comprometimentos os ultimos eventos que me permitiram chegar a essa viagem. Tudo aconteceu tao rapido que estranho minha frieza, a dificuldade pra "deixar a ficha cair". Me sinto simplesmente seguro, sem maiores medos ou coisas do genero. Tenho certeza que nao e um prenuncio da minha habitual arrogancia, e estranho constatar que estou pronto para isso, e so. Logico que preparei tudo minuciosamente, repassei passos e pesquisei. Enfim, o Polaramine que tomei pra dormir bateu, entao ate mais.
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Ja passei pela fria e nada amistosa recepcao da alfandega americana, testemunhei um rapaz mexicano sendo "gentilmente" deportado, dei meu pulinho no Starbucks, giros em free shops e agora to sentadinho esperando o voo da conexao. By the way, estou em Miami indo pra Baltimore.
Gostoso ligar pra casa e falar com minha avo. Antes de viajar dei uma fuxicada no orkut do irmao de um amigo meu. Tinha uma foto dele de frente pra uma praia lindissima, nao sei aonde, mas com a legenda "Solidao e Liberdade". Acho que essa minha jornada tem um pouco disso ai, conhecer mais de mim mesmo sem todo o "staff" que sempre me rodeou.
Sim, eu desci do aviao pensando "Caraca, sera que e isso mesmo?"
Amanha conheco minha nova casa pelos proximos 6 meses, longe dos meus irmaos, mommy, grandma e amigos, e tudo que e familiar pra mim.
Ao mesmo tempo em que toda minha "bagagem" e o que me ajudara a sobreviver por aqui, tive que zerar tudo, vir pra ca sem rotulos, sem conhecidos, sem familiares.
Dando um tempo no drama, to adorando. Estou pisando num degrau que era pra ser meu faz tempo, agora chegou a hora.
ps. Maldito teclado americano!!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Max and the Sea

Real demais pra sonhar. Imediatamente me veio essa frase na cabeça quando sentei para escrever. Um sagitariano típico temperado com veia artística, meio cartoon querendo ser filme noir. Confesso que tenho um talento inato em escrever e descrever a vida, transformando um singelo café-da-manhã “pão com ovo” num refinado brunch. Pessoas como eu são vistas como sonhadoras, dramáticas, solitárias nos seus mundinhos grandiosos, rodeados não de muros, mas de pesadas cortinas de teatros.

Assumi muitos dos meus lados, o obsessivo, o controlador, o narcisista, além disso, finjo não ser tão adorável, tenho freqüente repulsa de ser sentimental, hora penso que sou um frio e cínico megalomaníaco, hora que sou simplesmente um garotinho carente e patético tentando se encaixar.

Dramas a parte (porque a vida seria muito “sem sal” para alguém como eu) tenho uma coleção de momentos frustrantes, quando achei que daria um grande salto em direção a algum lugar, mesmo que não fosse o ideal, mas pelo menos diferente, dei foi com a cara em algumas paredes.

Passada minha contemplação pós-trauma, vivenciada com minhas melhores e mais dramáticas lágrimas e frases de efeito entoadas com minha voz de ator shakesperiano (uau, eu merecia um Oscar!), caí de novo na rotina, tentando fazer dos meus tombos números de pastelão, meus romances frustrados em dramas épicos e minhas fugas noturnas em aventuras do underground, algo meio Spin City.

Escrever esse blog foi meio que revelador pra mim. Sempre fui de escrever e depois rasgar tudo, nunca achei que seria bom o suficiente, ou então fiquei com medo de desvelar uma faceta cuidadosamente mantida no mistério, bullshit!

Foda-se! Ninguém leva tão a sério assim. Algumas pessoas riem, outros se identificam ou me criticam, e inesperadamente ACHO DIVINO! Outro dia uma amiga me disse que ela e mais outro amigo adoravam rir dos meus textos (sim sim, você mesma baixinha), por um segundo eu pensei “mas será que era pra rir?”.

Sim sim, novamente, esse foi exatamente o espírito da coisa! A vida é tão cheia de possibilidades, mas ao mesmo tempo TÃO limitada que eu tenho achado muito digno rir bastante, e me permitir.

Minhas experiências tão frustrantes me prepararam para o dia de HOJE, tornaram possível eu dar esse pulinho que estou dando. Meus trabalhos odiosos sem querer abriram as portas pra uma nova experiência, minha relação de amor e ódio com minha família me preparou pra encarar novas dificuldades dando o tom certo, dramatizando só pra dar uma “moldura” (I’m sorry, não abro mão disso...), mas sendo totalmente dispensável se eu quiser.

Nunca vou fugir da minha fantasia, sempre associarei um lindo pôr-do-sol a um belíssimo modelo de “sunglasses” e taças de vinho (ou um Fruit de La Pasion geladíssimo!) numa praia belíssima, mas vou soltar muito “puta que pariu” reclamando da queimadura de sol.

Estar pronto pra viver? Isso não existe, é um mito. Saber viver sua natureza é que é bom demais. Eu vivo com os pés no chão, mas sou um sagitariano chato pra cacete, performático, de nome chique e pés chatos.

Cansado desses palcos me lanço numa aventura muito verdadeira em qualquer lugar. Autoconhecimento ou trabalho escravo? Os dois juntos, pode ser? Sem querer abraço uma nova oportunidade na minha vida, deixando pra trás meus antigos enredos e escrevendo como faço nesse blog, de qualquer jeito, sem afinação, ou limites (inclusive para o tamanhão dos textos).

Sorry, não sou Clarisse nem Jabor, sou Max, me tornando “Minimum” num mundão grandão.

Vou tentando escrever por aí, primeiro no papel (não vai ter mais aquela classe de Carrie Bradshaw nem as correções do Windows, mas vai ter toda uma dramaticidade que é a minha cara!), depois passo tudo pra cá, prometo!

Ah, ainda sem data, mas até o final do ano, hope so!