domingo, 20 de julho de 2008

As time goes by

Primeiro não poderia deixar passar em branco o falecimento da Dercy Gonçalves. Levei um susto quando li a notícia num site, acho que assim como todo mundo eu achava que ela não morria mais. Adorava quando ela dizia que morria quando quisesse, e que não tinha medo da morte porque já tava vivendo no lucro. Brilhante! E vá com Deus Dercy, PORRA!

Mudando de assunto. Eu dei pra isso agora, fico pensando em músicas de referência, looks de referência, tudo pra mim agora é catalogar referências... Afinal, somos resultado de um bando de retalho todo doido e remendado ou não?
No inicio eu tentava imitar meus pais, depois meus irmãos mais velhos. Cheguei até a me inspirar nos meus irmãos mais novos! Irmão do meio é dose, na "pré-aborrecência" eu queria ser descolado como o David, que usava barba cerrada, brinco de cruz a la George Michael e era o mais popular do colégio, mas também queria ser inteligente como o Daniel, que sabia (e ainda sabe) absolutamente tudo sobre cinema! Mas eu também queria meter o terror com os mais novos (que até pouco tempo eu chamava de "as crianças", até me deparar com 3 marmanjos de 20 e poucos), mas eu chamava muito a atenção por ser grandão, fora que não tinha pique pra correr depois de fazer merda.

Fui crescendo no meio mesmo, dividindo essas águas, horas mediando, horas participando ou instigando a porradaria.

Fui crescendo, no teatro aprendi a brincar de ser o que eu quisesse, a filtrar meu temperamento dificil e a ficar seriamente bom em interpretação. Tive um professor de muito anos que me "detectou" no ato, e foi me ensinando a controlar o meu ego, isso sem eu saber. Eu sabia que era bom, ele também, e até hoje tenho meus diários de ensaios e aulas, quando meu principal objetivo era deixar ele louco comigo! Eu queria que ele reconhecesse o quanto eu era bom, ele simplesmente era blasé. Valeu Ricardo, thanks you não fui engolido pelo meu ego.

Por incrivel que pareça passei meus 16 anos em casa, escondendo minhas espinhas, lendo 5 livros por semana ou entretido assistindo todo tipo de filme possível. Sem querer eu adorava os filmes antigos, aquele climão de Hitchcock, aquele moço bonito com cara de triste, mas cheio de atitude, o tal do James Dean, aquelas mulheres que sempre sabiam o que dizer, e que acordavam belissimas.

Acho que sempre quis que a minha vida fosse um daqueles filmes, eu queria ser aqueles homens e aquelas mulheres, achava tudo aquilo mágico, e mais bonito do que tudo ao meu redor. Até hoje tento me enxergar num filme antigo, mas tenho me permitido também os exageros e as trapalhadas de uma boa comédia romântica.

Bom, eu já levei um pouco do cinema pra minha vida, já dancei na chuva, já chorei numa despedida no aeroporto, já pedi uma dose de Vodca pura num balcão de bar (bom, isso algumas muitas vezes...), já disse que odiava alguém que amo aos berros, já beijei olhando nos olhos, querendo aquele momento pra sempre, já dormi soluçando e embriagado de tristeza... Nossa, foi dramático isso!

Acho que nem sequer cresci... Encorpei, e não tenho mais espinhas, mas continuo sendo aquele menino, que se arrepia até hoje quando ET e Elliot voam de bicicleta por cima dos policiais, ou quando Rick se despede da linda Ilsa no aeroporto de Casablanca... Fica sempre aquela deliciosa sensação de "Ai ai... Coisa dos filmes..."

Um comentário:

Vinicius Fracaccio disse...

Muito o bom o conceito do blog. Terei que separar momentos para estuda-lo! he! Abraços amigo... té!